sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Junior classes | A importância da educação e treino…


Desde cedo devemos promover a educação dos nossos animais de companhia de modo a termos adultos equilibrados e mais felizes.
O período a partir das 8 semanas de idade até às 14 a 16 semanas (dentro da fase ontológica da socialização) está referenciado como  sendo a altura ideal para começarmos a ensinar o nosso cachorro. Urinar no sitio certo, introdução do passeio à trela, habituação a diversos estímulos, diminuição do stress causado pela ausência do tutor e manipulação da mascote para que se habitue às idas ao veterinário, são exemplos de aprendizagens que os nossos animais de companhia devem fazer. Tudo isto deve ser gradualmente aprendido idealmente até aos 4 meses de idade e depois treinado e, se possível, desenvolvidos outros conhecimentos por toda a vida. Existem já Puppy Classes (turmas para cachorros em fase de socialização onde a capacidade de aprendizagem é elevadíssima) que vieram introduzir alguns destes temas. Contudo, nem sempre os tutores conseguem ensinar o seu cachorro nesta fase, porque nem sempre há tempo, ou por simples desconhecimento e consequente perda deste precioso período de aprendizagem. 

De forma a expandir o conhecimento e colmatar a falta de turmas pós Puppy Classes, surgem as Junior Classes. Estas aulas são direcionadas para cachorros a partir das 14 semanas até aos 10 a 12 meses de idade. Aqui o cachorro tem oportunidade de continuar ou até iniciar a sua formação, treinando regras de convivência básicaem grupo. A socialização com animais e pessoas, habituação a outros ambientes, comandos básicos de obediência e estimulação cognitiva são também trabalhados. Para frequentar estas turmas é importante que o cachorro seja minimamente sociável e tenha os planos vacinais e de desparasitação em dia. 
Tenhamos presente que se queremos os nossos animais de companhia a frequentar espaços públicos, não basta criar leis, é forçoso que os/nos eduquemos com regras de boa convivência.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Adotar uma mascote - 7 regras

*Porque estamos em época de cumprir sonhos, vamos lá recordar…

ADOTAR UMA MASCOTE. 7 REGRAS:

1. Nunca adote por impulso. Ter um animal de companhia é uma decisão para a vida. As alegrias e vantagens vão ser muitas, mas a responsabilidade, preocupações, trabalho e despesas vão ser uma constante;

2. Tente perceber qual o tipo de mascote (gato, cão, coelho, …) que melhor se adapta a si e ao seu estilo de vida. Se quer determinado tipo de caráter/temperamento no seu animal de companhia, é melhor optar por uma raça que lhe ofereça um trabalho de seleção nesse sentido (ex.: um Beagle é um cão predominantemente alegre, ativo, muito curioso, inteligente mas também teimoso e que requer um bom adestramento; um Pastor Alemão é sem dúvida um cão vigilante, curioso, inteligente, destemido, entre outras características e que precisa de treino dedicado);

3. Se apenas deseja um animal de companhia pelo genuíno gosto de acarinhar uma vida junto a si, nada melhor do que adotar uma mascote abandonada à sua sorte num qualquer refúgio. Vai exigir de si muito mais abertura à novidade e imprevisibilidade, mas o que é mais frequente é termos a agradável surpresa de privarmos com animais extremamente inteligentes, meigos e por vezes com comportamentos de quase agradecimento, na medida em que manifestam uma tal dedicação ao tutor, que chega a ser comovente. Por norma, são também animais mais resistentes a doenças e não tão exigentes em cuidados para se manterem saudáveis;

4. Se tiver de escolher uma mascote numa ninhada evite os extremos. Não opte pelo mais tímido, nem pelo mais “oferecido” . A probabilidade de termos alterações comportamentais no adulto é maior num animal receoso ou afrontador;

5. Se a escolha passa por criadores, opte pelos que promovem a socialização e não permitem a saída da mascote (cão) antes das 8 semanas (há uma aprendizagem fulcral junto da mãe e irmãos);

6. Por muito que queira, não adote um gato assilvestrado. Estes gatos não estão adaptados a permanecer junto ao Homem, vivendo na Natureza (campo, cidade) em perfeito equilíbrio, desde que não ultrapassem números que coloquem em risco os recursos que necessitam;


7. Não adote animais selvagens e muito menos espécies em risco. Para além de ser ilegal é uma violência contra estes animais.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Dilatação / torção gástrica, urgência!

Dada a importância, diria que vital, da celeridade no reconhecimento de sinais de algumas doenças para melhor prognóstico e até salvar vidas, hoje falo sobre dilatação/torção gástrica.

O que é e como prevenir?

Com o avanço da idade, particularmente em raças de cães de grande a gigante porte, vai havendo maior flacidez dos ligamentos de sustentação de orgãos, nomeadamente do estômago. Fazendo uma alimentação adequada (dividir em duas a dose total diária recomendada de um alimento de qualidade) e promovendo repouso após as refeições, é possível diminuir a probabilidade de ocorrência de processos de dilatação excessiva do estômago, que podem levar à sua rotação e subsequente torção.
Preventivamente está recomendada uma cirurgia que fixa o estômago à parede costal, gastropéxia.
Embora não haja uma época especifica definida para maior probabilidade de ocorrência desta severa patologia nos animais mais predispostos, podemos constatar que existem alturas de maior risco nomeadamente, épocas festivas e de frutas maduras (possibilidade de ingestão de alimentos não apropriados e com elevado potencial de fermentação).

Quais os principais sintomas?

Numa situação de dilatação iremos notar o cão inquieto com tentativas de vómito que são muitas vezes infrutíferas. Na maioria destas dilatações há produção excessiva de gás ficando o abdómen visivelmente maior.
Por vezes já encontramos o cão bastante prostrado, ofegante, com uma coloração azulada das mucosas e com a barriga bastante volumosa e timpânica ao toque (provavelmente já haverá torção).

O que fazer?

Como é um processo que compromete rapidamente a irrigação sanguínea de vários órgãos, levando a processos de isquémia e necrose, a urgência de resolução é elevadíssima, ou seja, na mínima suspeita desta situação deve dirigir-se de imediato para uma clínica ou hospital veterinários.

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Esterilizar?


Deixar fluir a natureza talvez fosse o ideal, mas nós interferimos há muito…

A partir do momento em que colocámos animais a fazer-nos companhia, alterámos as regras. Quero com isto dizer que os tornámos dependentes de nós e nós também cada vez mais deles. 

Com a domesticação ao longo de milhares de anos fomos “abafando” comportamentos de sobrevivência em particular no cão, mas também em muitas raças de gatos que diminuíram em muito, por exemplo, as suas capacidades predatórias.

O risco de termos animais de companhia abandonados, ainda por cima não esterilizados é uma bomba relógio, pois o potencial de multiplicação desajustado aos recursos e competências de sobrevivência é enorme!

Por outro lado, o simples facto de tomarmos conhecimento sobre as suas reais necessidades, ao mesmo tempo que descobrimos mais sobre o que melhora a sua vida, confere-nos maior responsabilidade.

É sabido, por exemplo, que a esterilização prolonga a vida (previne muitas doenças e comportamentos de risco), mas também contribui para o bem-estar do animal de companhia que vivendo, muitas vezes apenas connosco, sem possibilidade de expressar por completo o seu comportamento sexual, pode desenvolver ansiedade e até tornar-se agressivo.

Convém também equacionarmos se, vivendo já grande parte das mascotes em apartamento bem junto a nós, estaremos preparados para comportamentos de manifestação de cio (por parte de fêmeas não esterilizadas) ou resposta a este (por parte de machos não castrados), como sejam vocalizações mais exuberantes, marcação territorial, perdas de fluidos sanguinolentos, etc ?
Não me parece que a resposta seja consensual, pelo menos por parte de todos os inquilinos do prédio…


Ah, e não pensemos que os animais esterilizados ficam tristes, ou com algum problema comportamental por não deixarem descendência. Eles apenas respondem à sua atividade hormonal, não fazendo esse tipo de conjeturas. Há apenas alguns casos, em que a esterilização pode não ser de imediato recomendada, mas disso falarei noutro artigo.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Temperamento do animal de companhia e adoção


Todos temos traços de personalidade (pessoas) ou temperamento (animais) que estão na nossa bagagem genética e que nos diferenciam nas respostas que damos aos mesmos estímulos. 

No caso do cão e do gato (animais de companhia mais representativos) é sabido que existem diferentes temperamentos de acordo com as raças e indivíduos e que, sob influencia de fatores ambientais, relações sociais, experiências,… em suma: aprendizagem, conduzem ao caráter de cada um. Assim, é muito importante que através de uma correta e precoce educação da mascote e tutor, se consiga o melhor caráter e subsequente comportamento mais equilibrado no animal de companhia.

Ao escolhermos uma mascote, seja ela de raça ou não, ajuda-nos alguma previsibilidade de temperamento, no sentido de melhor orientarmos a sua educação e treino (ex: raças mais territoriais ou com marcado instinto predatório vão necessitar de uma abordagem mais direcionada e possivelmente de um treino mais intenso).
É certo que algumas raças têm um padrão típico de temperamento (ex: mais calmas, meigas, ou mais ativas, …)  podendo adaptar-se melhor ou pior ao nosso estilo de vida, mas não é condição decisiva que nos impeça a sua adoção. 


À luz do conhecimento atual, eu diria que é possível termos a mascote com que sempre sonhamos (inclusive aquela que espera adoção nos refúgios de acolhimento) se seguirmos normas básicas de educação, ministradas por profissionais devidamente credenciados, onde se valorizam uma correta socialização e o treino com recurso a técnicas que apenas usam reforço positivo e repudiam qualquer uso de força (por medo também se pode aprender, mas não se estreitam laços de confiança e predispõe-se à ansiedade que facilmente pode escalar a agressividade…).

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Por uma vida mais longa e feliz

É um facto o aumento da esperança média de vida também nos nossos animais de companhia.

Contribuem para uma vida mais longa e feliz:

- Adequada nutrição (boa alimentação com eventual suplementação, de acordo com as diferentes fases da vida);
- Medicina preventiva bem aplicada (desparasitações e vacinas em dia, check ups de saúde frequentes);
- Bem-estar animal promovido também com passeios e socialização diários, cuidados de grooming (escovagem, banhos, tosquias) de acordo com as características de cada indivíduo, tempo para brincadeiras e estimulação cognitiva;

Com o avanço da idade, as nossas mascotes experimentam mudanças no corpo e mente.
Para o cão tem-se como entrada na idade geriátrica os 5 a 7 anos, de acordo com o seu porte. Sabe-se que raças mais pequenas vivem bastante mais tempo que raças gigantes. No gato a entrada na fase sénior dá-se mais tarde, dos 7 aos 11 anos.

Devemos estar atentos a:

- Oscilações de peso;
- Dificuldade na locomoção, por vezes pouco percetível e apenas suspeitamos porque “dorme” mais tempo;
- Perda de apetite e ou alterações no padrão alimentar, ex: é relativamente frequente o gato idoso ter perdas olfativas, o que está associado  a alterações no comportamento alimentar que depende muito deste sentido; também o aumento de ingestão de água a despropósito deve ser investigado;
- Aumento de períodos de doença, podendo mesmo levar a processos crónicos. De notar que idade mais avançada não é sinónimo de doença, no entanto o sistema imunitário torna-se menos apto, o que aumenta o risco a doenças, nomeadamente neoplásicas e degenerativas;
Se tivermos presente aquela comparação (nem sempre exata) de que 7 anos na nossa vida equivale a 1 ano na vida dos nossos cães e gatos, ficaremos muito mais cientes da velocidade com que todas aquelas alterações podem ocorrer! 
Assim sugiro que a partir dos 7 anos de vida (em média) dos nossos animais de companhia, estejamos ainda mais atentos e façamos visitas mais regulares ao médico veterinário.

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

ATL para cães?

Certamente conhecemos alguém que abdicou de ter um animal de companhia por não conseguir conciliar com as suas rotinas, ou que desejasse estar mais descansado ao longo do dia sabendo que a sua mascote está mais feliz…
O conceito “ATL para cães” vem dar resposta a estes e outros problemas.
É conhecido o termo ATL aplicado a crianças, mas no que toca a animais esta tendência ainda é novidade. No fundo funciona nos mesmos moldes: os tutores podem deixá-los durante o dia e seguirem descansados para as suas atividades. No serviço de ATL devem permanecer técnicos qualificados que assegurem o bem-estar das mascotes. O papel destes profissionais é, também, analisar o caráter e temperamento de cada um de modo a conseguir organizar turmas equilibradas. Locais que disponibilizam serviços deste género, devem ter, para além de uma boa área livre para “correrias”, espaços individualizados para a mascote descansar (o cão dorme em média 12 a 14h por dia). É fulcral que as mascotes sejam sociáveis, tenham protocolos vacinais e de desparasitação em dia, pois só desta forma é possível garantir a segurança de todos.

Animais que ficam sozinhos por longos períodos podem desenvolver problemas comportamentais como “ansiedade por separação”, ou mesmo entrar em depressão. Frequentes são também as queixas de destruição em casa. 
Como resolver? 

O ATL poderá ser uma solução. Para além de manter as mascotes ocupadas e estimuladas, é excelente para promover a socialização e desenvolver a cognição. 

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Boa educação dá saúde

Erros que podem deixar marcas…

Tal como o nome indica os nossos animais de companhia acompanham-nos. Assim, para além dos habituais cuidados veterinários devem também ter regras de convívio, principalmente se se relacionarem regularmente com o ser humano e demais espécies. 

Uma boa educação e restantes cuidados de saúde desde o momento em que nos chegam às mãos (idade recomendada de aquisição entre os 2 e os 3 meses) são fundamentais para termos adultos equilibrados e saudáveis!
Esta altura é de facto muito crítica (ainda na fase ontogénica da socialização) pois é aqui que se cometem a maior parte dos erros que podem deixar marcas para o resto da vida. A saber:

-Não proteja excessivamente. Muito importante que socialize adequadamente, idealmente frequentando uma Puppy Class (cachorrinhos) ou Kitten Class (gatinhos);

-Não incentive comportamentos que no futuro vão desagradar. Dormir na cama do tutor, sofá, andar ao colo,…, enquanto são pequeninos pode ser muito engraçado, mas em adulto pode causar bastante desconforto (algumas raças podem ser bem pesadas);

-Recomendo habituar desde cedo a um alimento de qualidade (premium), assim como ter regras alimentares bem definidas principalmente em relação ao horário e local onde comem;

-Evite educar/treinar com recurso a aversivos. A última coisa que devemos querer é que o nosso animal de companhia nos obedeça por medo (por medo pode vir a desenvolver graves problemas comportamentais). É importantíssimo que confie sempre em nós! Eduque reforçando sempre o que quer ver repetido e ignorando o que quer extinguir. A satisfação promove a aprendizagem;

-Para terminar, as visitas ao veterinário, em particular nesta idade, devem ser escrupulosamente seguidas. Por vezes perdem-se reforços de vacinas, desparasitações, que colocam em risco absolutamente desnecessário a vida dos nossos animais de companhia. 

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

A minha mascote coça-se…O que faço?


O prurido nos nossos animais de companhia pode ser realmente muito aflitivo e é motivo de muitas consultas.

Partindo do princípio que o básico está controlado (boa desparasitação, alimentação adequada e cuidados de grooming assim como uso de bons produtos para banhos e escovagem), “resta-nos” um enorme leque de possibilidades relacionadas com fatores genéticos e ambientais que predispõem à já tão famosa dermatite atópica.

É fulcral tentar eliminar a causa da comichão, mas mais importante no imediato é mesmo eliminar esse prurido, de modo a preservar a barreira cutânea e melhorar a qualidade de vida da mascote.
Felizmente temos ao dispor fármacos que atuam eficazmente no controlo desta sintomatologia tão incomodativa, mas é imperioso que cheguemos, tanto quanto possível, à etiologia de modo a prolongar os períodos de remissão de manifestação da doença (ter em atenção que a dermatite atópica tem um curso de cronicidade, ou seja, poderá reaparecer sintomatologia ao longo da vida de forma mais ou menos intensa). 

Por norma a abordagem à dermatite atópica é multimodal e individualizada. A escolha do melhor controlo para cada caso deve ser feita de modo bastante criterioso. Devemos ter em conta a predisposição racial, o ambiente onde vive, a dieta, a mais adequada desparasitação, uma eventual suplementação para reforço da barreira cutânea, cuidados de grooming com os produtos mais indicados, o controlo das infeções secundárias, a avaliação comportamental (a ansiedade pode potenciar o problema e vice-versa), no entanto volto a frisar que de imediato devemos fazer tratamento sintomático de controlo do prurido de modo a promover o bem-estar do nosso animal de companhia.  


Perante um quadro como o descrito e depois de descartado o básico, é sem dúvida indicado recorrer ao seu médico veterinário.   

sábado, 18 de agosto de 2018

Socializar não é “inundar”

A ideia de que socializar os nossos animais de companhia, em particular os mais representativos—cão e gato—é muito importante, parece estar já bem presente na nossa sociedade. 

No entanto, as formas pelas quais se promove a socialização é que podem não ser as melhores…
Pensar que o nosso cão ou gato devem ser expostos a todo e qualquer estímulo/ambiente, em qualquer idade e sem cuidados específicos, pode surtir efeito oposto ao pretendido!

Existem períodos chave e métodos cientificamente comprovados para que o processo de socialização decorra com maior sucesso. Nos cães e nos gatos estão definidas alturas mais propícias para lhes “apresentar o mundo” de forma natural e positiva:
-Nos gatos temos a idade entre as 2 e as 10 semanas (podendo nalguns casos estender-se um pouco). Como na maior parte das vezes, nesta altura, os gatinhos ainda estão com a progenitora (não devem ser adotados antes das 8 semanas) torna-se muito estreita esta janela de maior potencial de socializar, sendo importantíssimo aproveitá-la ao máximo;
-Nos cães a fase mais sensível da socialização inicia-se por volta das 3 semanas de vida e pode ir até às 14 a 16 semanas (ter em conta o desenvolvimento de cada raça). Também aqui é vital para o bom desenvolvimento a adoção só depois das 8 semanas de idade, sendo que até aí o cachorro deve permanecer com a progenitora e irmãos.

Existe informação e meios, já bastante atualizados, sobre os “rituais” de apresentação a estímulos, ambientes, outros animais intra e extra espécie, que nos permitem operar com mais rigor nestas idades tão fáceis de “moldar para bem e para mal”…
Sem dúvida que recomendo a frequência de uma Puppy Class (aulas para cachorros) ou de uma Kitten Class (aulas para gatinhos) com ganho de aprendizagem também e muito para os tutores. Reforço que socializar é preciso durante toda a vida, mas é fulcral começar cedo para termos adultos equilibrados. 

Para terminar, socializar não é “inundar” o nosso cão ou gato com estímulos/experiências, o que inclusive os pode traumatizar, mas sim apresentar-lhes esses mesmos estímulos/experiências de forma cuidada, segura e muito positiva, tendo sempre em conta as particularidades/sensibilidades de cada indivíduo.

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

A obesidade continua a não ser vista como uma doença…


É de facto preocupante a quantidade de animais com excesso de peso que entram nos consultórios.
Estima-se que 1 em cada 3 cães e 3 em cada 10 gatos apresentam excesso de peso! É muito difícil fazer ver aos tutores que estamos perante uma ameaça concreta ao bem-estar da sua mascote, com risco de evoluir para uma situação de obesidade que é, por si só, uma doença com severas consequências, diminuindo significativamente a qualidade e esperança de vida. 

É preciso ter consciência que a obesidade é mesmo uma doença, sendo causada pelo desequilíbrio entre o consumo energético (alimento em excesso ou muito calórico) e o gasto energético (falta de atividade física). 

Tal como no ser humano, os quilos extra são prejudiciais para a saúde dos nossos animais, podendo levar a:

-Doenças osteoarticulares (osteoartrite, rotura do ligamento cruzado, protusão de disco intervertebral); 

-Alterações metabólicas (hiperlipidemia, insulinorresistencia—diabetes mellitus);

-Doenças do aparelho respiratório superior (colapso da traqueia, sindroma obstrutivo das vias aéreas superiores—atenção redobrada nos cães braquicefálicos);

-Neoplasias (tumores mamários e de tecido adiposo);

-Doenças cardiorrespiratórias (promovendo agravamento de insuficiência cardíaca congestiva e insuficiência pulmonar);

-Doenças do aparelho urinário (urolitíase, infeções urinarias);

-Agravamento de dermatites (aumento das “dobras” de pele com predisposição para proliferação bacteriana, dermatófitos, …);

-Aumento de risco anestésico;





Hoje em dia temos abordagens bastante seguras que garantem uma efetiva perda de peso sem sacrifícios, nem riscos para a saúde dos nossos animais de companhia. Recomendo consultar o veterinário assistente que irá avaliar e calcular o índice de condição corporal da mascote, projetando-lhe um peso ideal. De seguida fará um plano de emagrecimento seguro com adequada prescrição nutricional, regras para o seu cumprimento, estímulo à pratica de exercício proporcional à condição da mascote e fará o acompanhamento da curva de peso e respetiva avaliação clínica  (real perda de peso, índice de solicitação alimentar, manutenção da massa muscular,…).

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Reabilitação motora nos animais de companhia


A reabilitação motora, mais conhecida por fisioterapia, tem por objectivo a recuperação e manutenção da mobilidade em mascotes devido a acidentes, doenças ou idade avançada. Existem muitas condições neurológicas e musculares que podem ser tratadas com o recurso a técnicas de fisioterapia.

Este trabalho, em conjunto com as terapias médicas habituais, melhora o processo de cura e diminui o tempo de recobro em situação hospitalar, principalmente em animais geriátricos ou após cirurgia ortopédica.
Principais objectivos:

  • Aumento do fluxo sanguíneo que, por consequência, melhora a circulação local aumentando o poder de cicatrização  e cura dos tecidos envolventes;
  • Diminuição do edema e da inflamação crónica;
  • Aumento da flexibilidade;
  • Recuperação da mobilidade e dos movimentos normais;
  • Diminuição dos espasmos musculares;
  • Alívio da dor;
  • Diminuição do tempo de recobro em internamento hospitalar;
  • Redução do aparecimento de úlceras de decúbito.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Coprofagia. O meu cão come fezes, como evitar?

Coprofagia é a ingestão de fezes do próprio ou de outros animais. Em alguns casos é normal, como por ex nos recém-nascidos, quando ainda não sabem evacuar sozinhos, a mãe lambe os filhotes para estimular a eliminação de urina e fezes ingerindo-as. Também se sabe que é normal poder existir coprofagia nos cachorros, aproximadamente até aos 6 meses. Ainda assim, este comportamento deve ser prevenido o mais precocemente possível de modo a evitar que se instale.
Quando há coprofagia em adultos, que não em situação pós parto, torna-se um comportamento anormal.
Possíveis causas: 
  • Ficar preso e sozinho por muito tempo pode gerar ansiedade, podendo “entreter-se” na ingestão das fezes;
  • Observar a limpeza dos seus dejetos pode despoletar uma tentativa de imitação do tutor, incentivando a coprofagia; 
  • Punição. Pode comer fezes por ter associado castigo. Um clássico exemplo é o “esfregar” do focinho nos dejetos, quando por exemplo evacuou no sítio proibido;
  • Parasitas;
  • Fome;
  • Ração de fraca qualidade (deficiência nutricional);
  • Presença de fezes de gato o que, em caso de tendência para a coprofagia, pode levar à sua ingestão. Pensa-se que tal comportamento se deve ao facto da ração para gato ser mais rica em proteína (gato é um carnívoro estrito).

Como evitar?
  • Reduzir a solidão e o tédio no cachorro dando-lhe mais atenção, exercícios e brinquedos interativos;
  • Depois dos 6 meses de idade evite alimentá-lo só uma vez ao dia, fornecendo-lhe  pelo menos 2 refeições por dia;
  • Não o repreenda por fazer fezes no local errado, isso poderá incentivar a sua ingestão;
  • Recolha as fezes assim que possível, evitando ser visto pelo cachorro;
  • Desparasite-o com regularidade;
  • Caso tenha gatos, coloque as caixas de areia em locais onde ele não consiga chegar;
  • Escolha um alimento de alta qualidade;
  • Existem também produtos que pode adicionar à ração e que ajudam a dissuadir a coprofagia;
  • Quando o hábito está instalado, pode ter ainda de recorrer a técnicas específicas de treino. 

sábado, 9 de junho de 2018

Higiene oral nos animais de companhia…

Não é a primeira vez que escrevo sobre este assunto, mas faço-o novamente e continuarei a faze-lo até que haja uma consciencialização da importância dos cuidados de higiene oral na prevenção de múltiplas doenças, assim como na manutenção do bem-estar nos nossos animais de companhia.

Devemos começar desde cedo, logo na dentição de leite (aproveitando o período sensível de socialização), com a habituação ao manuseamento da cavidade oral. Deste modo, mais tarde, tudo será fácil e natural para a mascote. Através do uso de escovas de dentes mais adequadas, ou até das nossas, devemos criar a rotina de escovar diariamente a dentição dos nossos animais de companhia, mas recorrendo a pastas dentífricas especificamente elaboradas para eles (as nossas são tóxicas!). O recurso a snacks e brinquedos com ação positiva na higiene oral também é altamente recomendável.

Mesmo assim e com todos os cuidados, nomeadamente fazendo também uma alimentação adequada, há animais mais predispostos a desenvolver patologias da cavidade oral. A visita regular ao veterinário permite detetar precocemente e tratar da melhor forma, as alterações que forem diagnosticadas (retenção de dentes de leite, gengivites, tártaro, fraturas dentárias …)

Há que evitar a todo o custo o aparecimento de doença periodontal que, para além de comprometer a permanência das peças dentárias, é potenciadora de lesões noutros orgãos tão importantes como os rins e o coração!  

Eu sei que não é fácil escovar diariamente os dentes daquele “brincalhão” que insiste em partir a escova…, mas não devemos desistir (ex recurso a treino) e não abdiquemos também de lhe fazer uma alimentação que o “obrigue” à mastigação (mais à trituração), através da oferta maioritariamente de alimento seco, complementando com snacks e brinquedos de higiene oral. 

Depois, descompliquemos também as eventuais intervenções que possam ser necessárias como sejam as destartarizações (já rotineiras para muitos). Hoje em dia é possível realizar estes procedimentos com absoluta segurança.

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Novo elemento no lar. Ciúmes na mascote?


Quantas vezes ouvimos, até pensamos, que o nosso animal de companhia pode estar com ciúmes, pelo facto de passarmos a repartir a atenção e cuidados com mais um elemento na casa, seja ele humano ou não?

Ora, embora uma nova presença no lar possa desencadear no nosso animal de companhia uma reação adversa como perda de apetite, medo, ansiedade, etc, não é por certo devido a ciúmes (sentimento de humanos) mas sim por outros fatores, como sentimentos de ameaça territorial, de partilha de recursos (comida, atenção do tutor, …) e sobretudo por um deficit na fase sensível da socialização da mascote.  


Então como contornar este problema?

Deve evitar-se o seu aparecimento. Para tal é fundamental uma adequada socialização na altura mais sensível da mascote, ainda muito jovem, onde se estabelecem os primeiros vínculos, relacionamentos sociais e em que todas as experiências são determinantes para o padrão de comportamento no adulto. O facto de familiarizarmos desde cedo a mascote com aquilo que fará parte do seu futuro, minimizará situações de stress como esta que descrevo. 

Mesmo assim devemos seguir protocolos de apresentação de novos elementos em casa:
-Atempadamente promover um ambiente de adequada feromonoterapia;
-Apresentar, em ambiente relaxante, odores e sons característicos do futuro “intruso” e aplicar reforço positivo;
-Tentar manter as rotinas da casa e da mascote com a chegada do “hospede”;
-Por último apresentar diretamente, de forma suave, o novo elemento sempre com reforço positivo (um afago, biscoito e ou brinquedo favoritos e incentivos verbais). Nunca esquecer a vigilância, em particular se temos a entrada de bebés de qualquer espécie, em particular da nossa, cujo comportamento pode não ser de imediato descodificado pelo nosso animal de companhia, principalmente se houve falhas a este nível na sua fase de socialização. 

Mais uma vez insisto na frequência de Puppy e Kitten Classes de modo a prevenirmos esta e muitas outras situações.