sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

O que não é compatível com bem-estar animal


Para que deixe de existir inconsciência sobre o que sentem os animais e o que é preciso para terem qualidade de vida, é importante ter presente o que os cientistas dizem. 

Divulgada pelo Farm Animal Welfare Council, a teoria das cinco liberdades dos animais criada pelo Prof John Webster vem dizer que todos os animais devem estar livres de:

-Fome e sede;
-Desconforto;
-Dor, lesões ou doenças;
-Impedimentos para expressar comportamentos naturais;
-Medo ou aflição.

Talvez seja mais fácil e imediato percecionar as três primeiras liberdades, mas se tivermos presente que está cientificamente provado que todas as espécies de mamíferos superiores sentem emoções, por mais ou menos básicas que sejam, tornam-se quase óbvias as duas últimas liberdades.

E quais são as emoções que os nossos animais de companhia podem sentir?

-Prazer ou bem-estar (percecionam estímulos agradáveis);
-Excitação (agitação psicomotora ou sexual);
-Sobressalto (comportamento em resposta a algo inesperado e repentino);
-Frustração (sempre que não conseguem algo que pretendiam);
-Medo (resposta perante uma ameaça);
-Aversão (emoção perante algo desagradável);
-Irritação ou ira (que se manifesta por agressão, seja por postura, vocalização, ou mesmo dano físico);
-Sofrimento (que pode aparecer devido a dor física ou emocional).


Muito se tem evoluído nesta área do conhecimento mas, infelizmente, parece continuar a ser necessário que lembremos estes conceitos…

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Animal de companhia e o dia de S. Valentim…


As justificações tidas como únicas de ter um “cão para guarda”, ou um “gato para caçar ratos”, deixaram de fazer sentido numa sociedade com serviços de proteção e defesa instituídos e cujo padrão higiossanitário descartou há muito pragas de outrora… No entanto surgem, para além da nossa vontade ou até motivando-a, novas “funcionalidades” do animal de companhia.

A dependência cada vez maior das tecnologias, com um mundo virtual a apoderar-se de nós, que vivemos a ritmo intenso, faz crescer, nem que seja subconscientemente, a necessidade de afetos e contacto com a natureza. 

A “falta de tempo” para a construção de relacionamentos entre humanos e porque a complexidade destes parece exponenciar-se quando interagem (porventura associada à perda de habilidades de socialização), parece potenciar o “uso” do animal de companhia como “carregador de baterias de afetos”, ou uma espécie de “efeito de dia de S. Valentim”. Nada contra, desde que o respeitemos e percebamos que também precisa de “guardar” e “caçar”… Quero com isto dizer que é importante, para além de amor e carinho, que o deixemos expressar comportamentos naturais e característicos de cada espécie. Obviamente que não precisamos de o incentivar a ladrar a estranhos e que poder brincar correndo atrás de objetos, adequados, pode muito bem simular uma caçada e satisfazer a manifestação de um comportamento inato predatório.
Por outro lado, deixarmos fazer tudo o que apetece ao animal de companhia sem lhe indicarmos uma rotina, um padrão de comportamentos a apresentar em sociedade, ou pensar que saber interagir connosco é suficiente, pode representar um risco para ele e para quem se cruze no seu caminho.


Insisto no valor afetivo do animal de companhia no lar e nos muitos benefícios que nos pode trazer! No entanto é necessário respeito e conhecimento das suas necessidades específicas para podermos ter uma relação entre humanos e animais cada vez mais benéfica. Assim, em particular para quem vive em sociedade, é fundamental a educação com muito treino…