sexta-feira, 17 de março de 2017

Que vacinas deve fazer o meu cachorrinho?

Entre outras perguntas, esta é talvez a mais frequente assim que vem a nova mascote.
Pois bem, por volta das 6 semanas de idade o mais tardar até às 8, o cachorro deve iniciar a proteção imunológica contra a esgana e a parvovirose. Consoante a zona de risco, pode ainda começar com um protocolo mais alargado a estabelecer pelo médico veterinário. 
De seguida fará dois reforços com intervalos de 3 a 4 semanas e com recurso a vacinas mais amplas (promovendo imunidade contra vírus da esgana, adenovírus, parvovírus, parainfluenza e ainda contra várias estirpes de leptospiras).
Em último, por norma, fará a vacina contra a raiva (obrigatória por lei e que requer microchip). 
Este é o programa básico inicial, mas existem mais vacinas que pode e deve fazer:
-Aos 6 meses recomendo a vacina contra a leishmaniose, principalmente se temos uma mascote de médio, grande a gigante porte e com idas frequentes ao exterior. Já existe uma vacina que, numa só dose de primovacinação, dá imunidade de cerca de 70% logo após 28 dias de ser inoculada;

-Se pretende frequentar uma Puppy Classe, um ATL, ficar em Hotel/canil, ou contactar por rotina com grupos de cães (ex: parques caninos), recomendo vivamente a vacinação contra um dos agentes da tosse do canil que não está presente no programa de vacinação básico, ou seja deve fazer a vacina contra a Bordetella bronchiseptica. Há ainda indicação para as mascotes de raças braquicefálicas (com focinhos achatados) fazerem esta vacina. Existe uma apresentação intranasal que é muito cómoda, eficaz e rápida no desenvolvimento desta imunidade (logo após 3 dias de ser administrada).

sexta-feira, 3 de março de 2017

Vínculo Homem-Animal de Companhia: Novas realidades

É sabido que os animais de companhia nos oferecem benefícios fisiológicos e psicológicos contribuindo para a nossa saúde e felicidade. A sociedade tem vindo a estreitar relacionamentos com os seus animais, quer por força duma necessidade básica de convivência social, quer pela perceção dos referidos benefícios.

Como veterinária dedicada à clinica de animais de estimação, vou encontrando novos problemas/desafios. Sinto necessidade cada vez maior de entender o comportamento de cães e gatos (os mais representativos como animais de companhia). Não basta sabermos os seus etogramas (comportamentos que caracterizam determinada espécie e conduzem ao seu bem-estar) e as condições em que vivem, é já fundamental saber algo mais sobre as relações sociais com os seus tutores e a restante família. Vejo-me muitas vezes a tentar perceber o comportamento do tutor…
Sabemos da influencia determinante que este tem sobre o comportamento da sua mascote e quanto pode estar por trás de determinado problema comportamental, que por sua vez pode ser causa nº 1 da somatização desse distúrbio (ex: doenças dermatológicas, do sistema urinário, do aparelho gastrointestinal). É muito curioso constatar as parecenças nas atitudes, comportamentos, até em determinadas doenças entre as mascotes e os seus tutores (ex: se o gato é mais nervoso o tutor também é, se o cão é mais gorducho o mesmo ocorre com frequência com o seu cuidador, …). 
A vivência em estreita proximidade (apartamentos de zonas urbanas) acarreta novas interações e o peso das ligações afetivas é muito intenso! Tenho a prova disso na sala de espera onde a cumplicidade entre as diferentes espécies é evidenciada todos os dias (o carinho, as conversas, a ansiedade, as brincadeiras experimentadas por tutores e mascotes). 

Mas talvez a prova mais marcante ocorra num momento de perda… Vemo-nos a oferecer apoio emocional a tutores enlutados e percebemos a dimensão dos laços na atualidade, que há anos atrás apenas pensávamos restritos aos apaixonados por animais como nós e poucos mais…