sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Esterilização/Castração em Cães e Gatos: Dúvidas?


É Verdade que prolonga a Vida?
-Sim. Proceder à esterilização por ovariohisterectomia (remoção dos ovários e útero) precocemente, duplica a esperança média de vida (evita tumor mamário, uterino, ovárico, infeções nestes órgãos, …);

As fêmeas devem ter crias antes de serem esterilizadas?
-Não. Podem até ser esterilizadas antes do primeiro cio de modo a eliminar a possibilidade de aparecimento de tumor mamário;

Quando esterilizar?
-Posso esterilizar em qualquer idade, sendo ideal por volta dos 6 a 7 meses (variando com a espécie, raça, sexo e indivíduo);

A esterilização predispõe à obesidade? 
-Sim, mas existem alimentos próprios para animais esterilizados que evitam tal situação;

Esta intervenção cirúrgica é segura? 
-Sim. Hoje em dia este tipo de intervenção pode ser realizada sob escrupulosas medidas de segurança. É importante a opção por um local com bloco cirúrgico dedicado e bem equipado, assim como uma equipa cirúrgica experiente.
Deve ser realizada consulta pré cirúrgica onde é feito um rigoroso exame físico, de modo a conhecer bem a mascote e poder realizar a anestesia geral e procedimento cirúrgico com toda a confiança;

Que cuidados devo ter coma mascote após a cirurgia?
-Na 1ª semana deve haver repouso e vigilância/desinfeção da linha de sutura/acesso. Poderá também haver medicação para casa. A alimentação passa a ser para esterilizados;

Quais os principais benefícios da esterilização/castração para os machos? 
-Diminui o risco de fugas, reduz a incidência de lesões por diminuição de lutas, diminui ou elimina comportamentos de marcação de território, diminui a incidência de tumores prostáticos, elimina a possibilidade de tumores testiculares, diminui a agressividade, aumenta a esperança média de vida.














quarta-feira, 26 de outubro de 2016

(Não) tenha medo e abra a boca da sua mascote!

Arrisco dizer que 3 em cada 4 leitores vai ficar surpreendido com aquilo que vai ver...
Desde alterações na cor dentária, tártaro, gengivites, fraturas/excessivo gastamento dos dentes, más oclusões, perdas de peças dentárias ou dentes de leite retidos, são fáceis de encontrar. E não se pense que o mau hálito, hipersalivação, engolir os alimentos sem uma “trincadela” sejam normais!

Estima-se que cerca de 80% dos cães e 70% dos gatos com mais de 3 anos, tenham já sintomatologia de doenças da cavidade oral

Para termos ideia da frequência das patologias orais, estima-se que cerca de 80% dos cães e 70% dos gatos com mais de 3 anos, tenham já sintomatologia de doenças da cavidade oral. E atenção que estas patologias vão ter impacto no organismo, podendo causar infeções graves em órgãos tão importantes como o coração e os rins! 
Uma ideia errada e com que me deparo ainda muitas vezes, é o tutor achar normal que com a idade a mascote tenha algum tipo de alterações das que referi. “Não, não é normal!”
Tenhamos presente que as mascotes usam a boca na “descoberta” do seu mundo, e que nem sempre têm à disposição os melhores recursos no que toca à prevenção na saúde oral. 
Por outro lado, a cada vez mais próxima relação entre o animal de companhia e o Homem, torna quase impossível evitar erros de antropomorfização também a nível alimentar e como tal é de esperar, que surjam mais mascotes com tártaro, gengivite e doença periodontal.

A prevenção é fulcral

A prevenção é fulcral e passa por habituar a mascote ao manuseamento da boca com escovagem dos dentes. Existem ainda pastas dentífricas enzimáticas, snacks, alimentos secos e brinquedos específicos, com ação positiva na saúde oral. São importantes as visitas regulares ao veterinário! Se houver tártaro, este fará uma destartarização, sob anestesia geral, ainda que leve, evitando qualquer sensação dolorosa e stress associados ao procedimento.
E sim, “antropomorfizemos” as mascotes escovando-lhes os dentes diariamente, principalmente se tivermos cães de pequeno/médio porte, que se sabe estarem mais predispostos à formação de tártaro.

 Dra. Isabel Maia
Médica Veterinária
Grupo HVV – Hospital Veterinário Viseu

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Urgências Veterinárias!

Da casuística que tenho acompanhado, verifico que há ainda um grande desconhecimento do que é verdadeiramente uma urgência em veterinária.
Ainda vejo chegarem à consulta animais que não urinam há dias... (principalmente gatos) e que ninguém valorizou devidamente; que fizeram uma lesão ocular severa e que ficaram à espera que se resolvesse sozinha...; que subitamente começaram a vomitar e que não havia maneira de “dizerem” o que tinham comido...; que não evacuam há dias... e que finalmente deixaram de comer; animais que chegam brancos e “estafados” de anémicos e que só hoje os tutores se aperceberam; ...

Tenhamos mais atenção, pelo menos às funções vitais das nossas mascotes, e sempre que algo não nos pareça de acordo, porque não telefonar de imediato ao médico veterinário e expor a situação?
É para isso também que nós existimos, e podem crer que é sempre um gosto poder ajudar! 

Situações em que deve de imediato contactar o serviço de urgência veterinária

Eis algumas situações em que deve de imediato contactar o serviço de urgência veterinária:
-Atropelamentos, quedas, mordeduras,  com suspeita de lesões ainda que não lhe pareçam graves; 
-Queimaduras, cortes, ferimentos diversos que suspeite terem alguma gravidade;
-Golpes de calor (não deixar as mascotes dentro dos carros, ainda que à sombra), ou de frio;
-Intoxicações ou suspeita delas;
-Lesões oculares;
-Perda de apetite por mais que 24h;
-Notório esforço de vómito infrutífero e consecutivo, principalmente em cães de raças grandes e gigantes;
-Aparecimento súbito de salivação excessiva;
-Súbita dificuldade respiratória;
-Convulsões, tremores ou desequilíbrio;
-Incapacidade de defecar ou urinar, com múltiplas tentativas falhadas;
-Diarreia profusa, ou com presença ou suspeita de sangue;
-Febre;
-Presença ou suspeita de sangue na urina, fezes, secreções nasais, ou orais.

 Dra. Isabel Maia
Médica Veterinária
Grupo HVV – Hospital Veterinário Viseu

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Vai passar a ser mentira: "Educar a minha mascote? Não tenho tempo."

Todos os tutores anseiam por um comportamento exemplar (no mínimo aceitável) do seu animal de companhia. 

“Como eu gostava que ele me ouvisse!”

Não é invulgar os tutores dizerem: “Como eu gostava que ele me ouvisse!”; “Gostava tanto que ele estivesse treinado, mas não tenho tempo!”.
Bem, tal como nós a mascote gosta que o “assunto seja interessante” para prender a sua atenção, e o tempo para educar/treinar não precisa de ser muito (10 minutos por dia em momentos chave podem fazer milagres). Um “assunto interessante” tem que motivar, e esta motivação advém, tal como nós mais uma vez, da recompensa que ele pode trazer (seja ela um sorriso, um carinho, o nosso salário que para a mascote pode ser a comida, um brinquedo, um afago...). Por certo todos os dias alimentamos os nossos animais de estimação. Haverá hora mais importante para eles?

A hora da refeição da vossa mascote para lhe ensinar regras

Sim, é isso mesmo, sugiro que passem a aproveitar a hora da refeição da vossa mascote para lhe ensinar regras, por pequenas que sejam, de modo a terem garantidamente da sua parte toda a atenção e motivação para que rapidamente aprendam. Um simples “senta” ou “fica” pode fazer a diferença numa situação em que é de extrema importância a segurança, o respeito e a confiança de todos. Por condicionamento clássico pavloviano é garantida a presença e interesse do “aluno”, que mais à frente nos irá surpreender atuando já por condicionamento operante.
Quando tivermos a certeza que uma regra está bem aprendida, passamos a praticá-la noutros ambientes e com reforço positivo (no caso, a comida) intermitente, ou seja, nem sempre aparece a recompensa esperada e deste modo o comportamento desejado fixa-se e ritualiza-se ainda mais.
É claro que hoje em dia existe a possibilidade de recorrer a um Adestrador (que ensine com reforço positivo) para melhor treinar/educar a mascote, mas nada substitui os bons princípios de casa que podem e devem começar à “mesa”.

Curioso! Somos mesmo parecidos...

 Dra. Isabel Maia
Médica Veterinária
Grupo HVV – Hospital Veterinário Viseu


quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Como escolher o alimento da mascote?

Quando se adquire um animal de companhia, assume-se a responsabilidade pelo seu conforto  e estado de saúde. 

A escolha acertada do alimento é fundamental! 


Para o comum dos tutores não é fácil identificar uma marca ou tipo de dieta para a sua mascote, dada a quantidade de produtos no mercado e as mais diversas correntes de opinião sobre este assunto. Deixo-vos algumas dicas para mais conscientemente fazerem as vossas opções:

-Saibam que os alimentos “processados” disponíveis para animais, nada têm a ver com os “polémicos” alimentos processados para consumo humano. As vulgarmente apelidadas “rações” para as nossas mascotes e sempre as Premium ou também designadas Super Premium, respeitam escrupulosamente um puzzle nutricional com cerca de 50 nutrientes, onde a investigação científica é permanente e tem em conta a idade, crescimento, condição física (influenciada pelo estatuto sexual), atividade e tipo de vida, estado de saúde e particularidades raciais. A atualidade da nutrição animal é de tal modo exigente, que já não se limita a suprir as necessidades nutricionais indo mais longe na procura de melhorar o estado geral de saúde, antecipando e minimizando riscos passíveis de afetar o bem-estar e a longevidade dos animais de companhia;
        
-Evitem alimentos com várias cores (relacionados com corantes);

-Não vão em conversas do tipo “25% de carne fresca”, pois apenas equivale a 4 a 5% de proteínas!; 

-Não se orientem muito por sabores (a salmão, a borrego...). Saibam que enquanto nós temos cerca de 9000 papilas gustativas, o cão tem 1700 e o gato apenas 500, ou seja, eles ingerem a refeição sem praticamente a saborearem;

-Fujam das dietas caseiras (requer  conhecimentos sobre nutrientes essenciais e respetivas dosagens, processamento mais adequado dos alimentos selecionados, tem risco elevado de desequilíbrios nutricionais e até mesmo de intoxicações);

-Na dúvida, procurem aconselhamento nutricional num médico veterinário.

 Dra. Isabel Maia
Médica Veterinária
Grupo HVV – Hospital Veterinário Viseu