terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Apetece mesmo ter uma mascote, mas...

É já do senso comum que ter um animal de companhia trás muitos benefícios! De facto, existem muitos estudos a comprovar que eles nos dão bem-estar geral:
Diminuem a nossa solidão e isolamento
  • Diminuem a nossa solidão e isolamento, sendo mesmo apelidados de “lubrificantes sociais” uma vez que promovem de forma bem espontânea a interação social;
Reduzem a ansiedade ajudando a relaxar
  • Reduzem a ansiedade ajudando a relaxar. Sabe-se que acariciar um cão ou um gato ritmicamente, para além de baixar a tensão arterial, pode também atuar como foco inconsciente de meditação;
São “terapeutas” silenciosos
  • São “terapeutas” silenciosos. Podemos desabafar com eles que nunca nos darão maus conselhos : );
São “personal treiners”
  • São “personal treiners”. “Obrigam-nos” a sair, caminhar, correr, saltar, brincar...;
São “enfermeiros”, “médicos”, “fisioterapeutas”
  • São “enfermeiros”, “médicos”, “fisioterapeutas”... Estudos revelaram que quem  sofre de doença cardíaca (tendo sido inclusivamente hospitalizado), tem oito vezes mais probabilidade de continuar vivo após um ano, se tiver um cão (acredito que funcione de igual modo com gatos, mas o estudo foi feito com cães). Também as pessoas que têm animais de estimação visitam menos vezes o seu médico;...
Ora com tantos benefícios, apetece mesmo adotar uma mascote! Sim, acho muito bem desde que estejamos conscientes de tal ato. A meu ver, é fundamental cumprirem-se dois requisitos:
1ºConhecer bem as especificidades do animal de estimação que pretendemos
Conhecer bem as especificidades do animal de estimação que pretendemos e se se adequa ao nosso perfil (ter um cão é diferente de ter um gato, um hamster, uma tartaruga ou um papagaio);
2ºEstar preparado para assumir a responsabilidade de cuidar
Estar preparado para assumir a responsabilidade de cuidar de acordo com o atual conhecimento sobre o que é ter um animal de companhia. Os animais não são coisas que agora nos apetecem e que amanhã se descartam. É obrigatório cuidar sempre! E nós, veterinários, estamos cá para ajudar.

Ter uma mascote é uma aventura de amor para a Vida!
 Dra. Isabel Maia
Médica Veterinária
Grupo HVV – Hospital Veterinário Viseu

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Festas mais felizes para todos! Dicas...

Pelo menos até termos as compras todas feitas e/ou os preparativos terminados para a Ceia de Natal e Passagem de Ano,  não descansamos e a azáfama é grande!

Com os nossos animais de companhia parece não acontecer nada... 

Errado!
É também uma altura delicada para eles, onde o stresse e a ansiedade podem ser muito elevados:
-Mudanças na decoração em casa (pinheiro de natal, presentes, luzes, presépio...);
-Rotinas e ambientes alterados (férias, viagens, idas para canis, gatis, hotéis, presença  ou ausência de familiares...);
-Barulhos súbitos e assustadores (fogo de artifício, músicas e conversas a altos volumes...);
-Locais habituais de passeio repentinamente alterados (iluminação natalícia, mais pessoas e animais, mais trânsito...);
-Isolamento em locais considerados  “não seguros” pelas mascotes, de modo a que visitantes se sintam mais tranquilos e também, os nossos animais de estimação estejam mais salvaguardados de interações com humanos, nem sempre feitas do melhor modo;
...
Com motivações, interpretações e manifestações diferentes, experimentamos todos emoções próprias desta época.

Aqui vão algumas dicas para ajudar os nossos animais de companhia e seus tutores, a viverem melhor  esta quadra festiva:

-Promova com antecedência a habituação ao local onde quer que a sua mascote se sinta segura em situações de stresse (visitas, fogo de artifício...);
-Se for de férias, informe-se detalhadamente sobre o local onde pretende deixar o seu companheiro;
-Use feromonoterapia, alimentos/suplementos para promover  relaxamento, assim como enriquecimento ambiental  adequado a cada espécie, raça e individuo;
- Acautele também acidentes evitando situações de risco como fios elétricos “apetecíveis”, alimentos perigosos para eles e fáceis de obter (chocolates, passas, bolos...), portas abertas...   

E agora, é tempo de aproveitar o que de melhor temos: 
- Os nossos amigos e familiares! Entre eles, é claro, os nossos animais de companhia.
Feliz Natal e um próspero Ano Novo...


 Dra. Isabel Maia
Médica Veterinária
Grupo HVV – Hospital Veterinário Viseu

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Gostar de animais e?/ou? de pessoas

Não pude ficar indiferente à polémica, a propósito do aumento das penas para os maus tratos a animais e a suposta sobrevalorização do animal...
Quando temos crianças com fome e refugiados a morrerem no Mediterrâneo, é absolutamente necessário priorizá-los sem com isso paralizarmos e  condenarmos tudo à volta... Acontece que falamos de nós, ser humano, na sua mais injusta e cruel vertente! Sim, não confundamos as coisas! Se puséssemos os olhos no comportamento animal, seja ele selvagem ou doméstico, ouviríamos a Natureza a falar e perceberíamos o quão errados nós andamos... 
Os animais são verdadeiros, puros, não têm maldade! 
Mais, “quem cuida bem dos animais geralmente é boa pessoa”, o contrário já tenho muitas dúvidas... E será que pelo facto de se gostar de animais e se cuidar bem deles já se retira espaço para fazer o mesmo pelas pessoas? Ou pelo contrário, não será isso um indicador de confiança, bom coração e porventura maior capacidade de ajudar o próximo?
Os bons princípios, as boas práticas, em suma, os valores morais têm de estar presentes de nós para nós e de nós para os outros, sejam eles animais, plantas, coisas, ... Um crime não deixa de o ser porque é praticado contra um ser indefeso! Na minha perspetiva, que admito ser suspeita, estes crimes são ainda mais graves e não me choca nada que aumentem as suas penas. No entanto, também não acho que seja pela via do medo que se mudam mentalidades. É preciso investir mais na formação/educação, nomeadamente ao nível das escolas, passando a mensagem da importância do respeito e cuidado por tudo e todos, em particular pelos animais.

Já dizia Mahatma Gandhi “A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que os seus animais são tratados”.
 Dra. Isabel Maia
Médica Veterinária
Grupo HVV – Hospital Veterinário Viseu

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Perceber melhor o gato

O gato é cada vez mais escolhido como o animal de companhia. Ao mesmo tempo noto um  grande desconhecimento acerca das suas especiais exigências, ao ponto de ficarem doentes.
Talvez fosse bom tentarmos perceber como este felino vê e sente o mundo de modo a irmos de encontro ao seu bem - estar. Esta perceção está intimamente ligada aos sentidos e à importância dos mesmos para a sua sobrevivência:
  • O paladar dos felinos é pouco desenvolvido, mas em contrapartida o olfato é muito mais apurado, o que faz com que o sabor da comida seja menos importante que o seu odor (em situações de perda de apetite, podemos aquecer o alimento até cerca dos 30ºC o que fará com que este liberte moléculas aromáticas tornando-o mais palatável). Como carnívoros estritos, respondem pouco ao doce, preferindo os sabores azedo, amargo e salgado;
  • Como caçador noturno que também é, a sua visão é muito apurada para o movimento e em ambientes com pouca luz (distingue menos cores do que nós, mas mais tons de cinzento). Na verdade, ele não precisa de saber se um alimento está maduro ou não, como nós (cor da fruta), mas fará toda a diferença captar o mais ténue movimento da sua presa. A retina felina não tem a acuidade da humana, mas capta muito melhor o movimento e a luz melhorando muito a sua visão noturna. De notar que o ato de caçar, muitas vezes associado por nós a brincar, faz parte do etograma (comportamentos característicos) do gato e é fundamental que o possa expressar para estar em equilíbrio. Em apartamento, podemos sempre recorrer a pequenos objetos (ex. brinquedos interativos) com capacidade de girarem e de preferência que recompensem a “caçada”, libertando pequenas porções de alimento, de modo a evitar que o gato fique frustrado, incentivando a “brincadeira” e deste modo o tão importante exercício físico;
  • Quanto à audição, a sensibilidade para sons graves é quase igual à nossa, enquanto para sons agudos é muito superior. Suponho que por vezes seja difícil para o gato comunicar connosco, uma vez que nós não ouvimos muitos dos sons a que ele reage e isto explica que também não entendamos muitos dos seus comportamentos, uma vez que não ouvimos o que ele consegue ouvir e interpreta…; 
  • O tato nos gatos é talvez o sentido mais difícil de estudar, no entanto sabe-se que têm preferências por determinadas texturas (ex. preferem  superfícies macias para descansarem) e possuem pelos táteis (vibrissas) na cabeça e nos membros dianteiros que lhes permitem auxiliar a visão (quando caçam, o ato de morder é despoletado pela ativação dos  pelos táteis em contacto com a presa). O gato é capaz de mapear tridimencionalmente um objeto apenas tateando-o com as suas vibrissas. Devemos evitar cortar os seus pelos táteis, pois podemos pôr em risco a locomoção do gato em ambientes com pouca luz;
  • O seu olfato é 30 vezes superior ao nosso, daí a comunicação através de marcação com odores ser muito desenvolvida. O gato tem necessidade de saber “as últimas notícias” cheirando. Muitas vezes pede-nos para abrir a porta, pondo apenas a cabeça de fora e voltando logo para dentro, deixando-nos sem saber afinal o que queria…

Para além de todas estas diferenças o gato é exigente na organização espacial do seu território. Gosta de zonas delimitadas e afastadas para dormir (sossegadas e altas), brincar, comer, beber (água fresca e em taças de vidro, loiça ou metal), defecar e urinar (caixotes de areia limpos e de “uso pessoal”), marcar (arranhadores adequados). Num apartamento não é fácil prover tudo isto, mas devemos respeitar afastamentos (por pequenos que sejam) pelo menos dos recursos mais importantes (água, comida, “wc” e zona de descanso).


Pensar que ter um gato como animal de companhia é mais calmo e menos exigente do que ter um cão, pode não corresponder bem à verdade…mas é de certeza verdade que quem pensar em ter um gato como animal de companhia, informando-se bem acerca das suas necessidades, e concretizar esse desejo, vai cada vez mais admirar este felino e atrevo-me mesmo a dizer, que se tal acontecer com quem não gosta de gatos, vai passar a gostar.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Curiosidades: Porque é que eles tanto se “lavam”?

O lamber, mordiscar e até o coçar a sua própria pele e pelagem (atos de grooming) fazem parte do comportamento normal do cão e do gato e ocupam grande parte do seu tempo diário ativo (tempo em que estão acordados). O que à primeira vista pode parecer algo com fins estéticos, é na realidade muito mais. Sabe-se que estes atos, na justa medida, contribuem para o bem – estar dos nossos animais de companhia uma vez que lhes:
- Diminuem o stress;
- Promovem a termorregulação, em particular nos gatos;
- Permitem remover detritos da superfície corporal, pelo “morto”, para além de eventuais ectoparasitas (pulgas, piolhos, carraças);
- Transmite defesas que reforçam a barreira cutânea. Sabe-se que sua  saliva tem propriedades antimicrobianas que são muito importantes numa primeira “desinfeção” de ferimentos. Por outro lado, essas propriedades não são suficientemente fortes para impedir que uma flora benéfica orogenital se difunda pela pele e pelagem dos filhotes, quando a progenitora os lambe no sentido de lhes estimular a micção e a defecação. Esta flora vai ter um papel muito importante no desenvolvimento da normal barreira cutânea;
- Dá mais “poder” de comunicação. 
Ao “alisarem” a pelagem insistentemente estão também a espalhar substâncias químicas (feromonas) produzidas em várias partes do seu corpo, que são fundamentais nas interações sociais entre mascotes; ...

Deixemos assim os nossos animais de companhia expressarem os seus comportamentos naturais, desde que não manifestem qualquer tipo de lesão associada. Já agora tenhamos muito cuidado com os produtos que utilizamos na ajuda à sua higiene. O risco de toxicidade é elevado! Devem ser produtos específicos para cada um, e o aconselhamento da frequência e modo de uso deve ser feito por um técnico devidamente acreditado.
 Dra. Isabel Maia
Médica Veterinária
Grupo HVV – Hospital Veterinário Viseu

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Adotar uma mascote. 7 regras:


  1. Nunca adote por impulso. Ter um animal de companhia é uma decisão para a vida. As alegrias e vantagens vão ser muitas, mas a responsabilidade, preocupações, trabalho e despesas vão ser uma constante;
  2. Tente perceber qual o tipo de mascote (gato, cão, coelho, …) que melhor se adapta a si e ao seu estilo de vida. Se quer determinado tipo de caráter/temperamento no seu animal de companhia, é melhor optar por uma raça que lhe ofereça um trabalho de seleção nesse sentido (ex.: um Beagle é um cão predominantemente alegre, ativo, muito curioso, inteligente mas também teimoso e que requer um bom adestramento; um Pastor Alemão é sem dúvida um cão vigilante, curioso, inteligente, destemido, entre outras características e que precisa de treino dedicado);
  3. Se apenas deseja um animal de companhia pelo genuíno gosto de acarinhar uma vida junto a si, nada melhor do que adotar uma mascote abandonada à sua sorte num qualquer refúgio. Vai exigir de si muito mais abertura à novidade e imprevisibilidade, mas o que é mais frequente é termos a agradável surpresa de privarmos com animais extremamente inteligentes, meigos e por vezes com comportamentos de quase agradecimento, na medida em que manifestam uma tal dedicação ao tutor, que chega a ser comovente. Por norma, são também animais mais resistentes a doenças e não tão exigentes em cuidados para se manterem saudáveis;
  4. Se tiver de escolher uma mascote numa ninhada evite os extremos. Não opte pelo mais tímido, nem pelo mais “oferecido”. A probabilidade de termos alterações comportamentais no adulto é maior num animal receoso ou afrontador;
  5. Se a escolha passa por criadores, opte pelos que promovem a socialização e não permitem a saída da mascote (cão) antes das 8 semanas (há uma aprendizagem fulcral junto da mãe e irmãos);
  6. Por muito que queira, não adote um gato assilvestrado. Estes gatos não estão adaptados a permanecer junto ao Homem, vivendo na Natureza (campo, cidade) em perfeito equilíbrio, desde que não ultrapassem números que coloquem em risco os recursos que necessitam;
  7. Não adote animais selvagens e muito menos espécies em risco. Para além de ser ilegal é uma violência contra estes animais.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

A inteligência do cão e do gato

Dos muitos animais de estimação com que me fui cruzando ao longo de mais de 20 anos de clínica em animais de companhia, pude constatar o seu raciocínio (resolvem problemas, descobrem soluções,...), sentimentos (medos, alegrias, apatias, talvez mesmo tristezas,...), memória (lembram-se de pormenores, mostrando comportamentos muitas vezes surpreendentes,...), enfim, são de facto dotados de uma apurada cognição!



Para terem uma ideia mais precisa e cientificamente comprovada, sabe-se hoje que, à exceção do uso de ferramentas, tanto o cão como o gato são dotados das seguintes funções cognitivas:
-Atenção;
-Aprendizagem e memória;
-Classificação, discriminação ou diferenciação e seleção;
-Reconhecimento e orientação espacial;
-Raciocínio: segundo alguns cientistas, são mesmo considerados seres racionais, já que atuam em função de motivações que podem ser compreendidas objetivamente;
-Resolução de problemas: envolvendo raciocínio abstrato para além da tentativa e erro ou da mera associação de estímulos;
-Tomada de decisões;
-Comunicação e “linguagem” ou cognição social;
-Temporalidade: capacidade de medir o tempo.
Já dizia Darwin no século XIX “Não há diferenças fundamentais entre o Homem e os Animais(...) os Animais, como os Homens, demonstram sentir prazer, dor, felicidade e sofrimento.”
 Respeitemos pois ainda mais os nossos animais, e tenhamos consciência que ter o privilégio da sua companhia exige de nós responsabilidade, cuidar sempre e em todas as situações. 
 Dra. Isabel Maia
Médica Veterinária
Grupo HVV – Hospital Veterinário Viseu

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Cães e gatos séniores. A que estar mais atento e o que fazer?

O cão e o gato entram na idade sénior por volta dos 7 anos (podendo variar um pouco com a espécie e a raça). 
É muito importante um bom acompanhamento também neste período. Então, o que fazer?
-Check up de saúde regular (no mínimo anualmente) se possível com exames complementares (análises sanguíneas, medição da pressão arterial, ...);
-Planos vacinais e de desparasitação em dia;
-Exercício e atividades de estimulação cognitiva. A ideia de que “Passa muito tempo a dormir, porque é velho...” é errada! Muitas vezes há recusa ao movimento por dor (levar ao veterinário!) e/ou falta de estimulação/atenção da nossa parte, o que pode desencadear/potenciar um processo de depressão/apatia, com agravamento do quadro clínico;
-Adequar o plano nutricional (introduzir alimentos dedicados a esta faixa etária).
Existem sinais que devemos estar mais atentos e que se forem persistentes devemos antecipar a visita ao veterinário: 
-Vómito recorrente (pode ser o primeiro alerta percetível pelo tutor de alteração renal);
-Alteração comportamental (mais parado, ou pelo contrário, excessivamente ativo como por ex. ladrar muito e a despropósito);
-Alteração na condição corporal (magreza ou aumento excessivo de peso);
-Alterações cutâneas (ex.: nódulos, muita queda de pelo com zonas de alopecia);
-Alterações nos hábitos alimentares e/ou urinários (sempre com fome, bebe e urina muito, ou, perda de apetite e dificuldade em urinar, ...);
-Alterações na coloração dentária e/ou mau hálito (podem indicar presença de tártaro, gengivite, alteração renal, …); ...

Sendo o envelhecimento um processo fisiológico, ele apenas traz novos desafios. É nossa obrigação ajudar a viver melhor esse tempo, que é de sabedoria e em que muitas vezes os nossos animais de companhia já nem precisam de nos ver ou ouvir para saberem exatamente o que nós queremos, merecendo ainda mais os nossos cuidados e atenção! 

 Dra. Isabel Maia
Médica Veterinária
Grupo HVV – Hospital Veterinário Viseu

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

As alterações no planeta e o impacto nos animais

Ainda relacionado com a polémica das alterações climáticas...
Um estudo recente diz que existem cerca de 5200 espécies de animais em risco de extinção (dados da União Internacional para a Conservação da Natureza). 
Preservar a Natureza é urgente! É a biodiversidade que está em causa e é já uma questão de lógica da nossa própria sobrevivência enquanto animal que partilha este Espaço.
Sabe-se que a biodiversidade é fundamental para o equilíbrio da vida na Terra. Sempre que uma espécie se extingue é uma peça do puzzle que se perde, pondo em risco o significado final do quadro da Vida.
Temos de nos envolver preservando a natureza, reciclando, não poluindo, preferindo energias renováveis e ajudando/(in)formando o próximo! 
Ainda que pareça pouco o que cada um pode fazer e isso o desmotive, lembrar que “o muito é feito de muitos poucos”.
Em relação ao veterinário que dedica a sua vida aos animais de companhia e qual o seu direto papel neste terrível cenário enquanto profissional, deixo uma pequena história...
“Certo dia alguém fez a seguinte pergunta a um médico veterinário:
-Se o mundo está tão mal, havendo tanta gente doente e a morrer, porque é que desperdiça o seu tempo com animais?
E a resposta pronta foi:
-Se há tanto animal doente, incluindo animais e pessoas a morrer devido a nós, seres humanos, porque é que eu hei de desperdiçar o meu tempo com quem nos destrói?”. 
Sim, é urgente cuidar de todos os animais, sendo que os mais “doentes” e porventura a precisar de cuidados mais “profundos” sejamos mesmo nós, os humanos…
Termino com o forte desejo que um dia se concretize a frase de Louis Pasteur: “a medicina cura o homem, a medicina  veterinária cura a humanidade”.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Cancro nos animais de companhia: prevenção e sinais de alerta!

A Oncologia na Veterinária está na ordem do dia, não só pelo aumento do nº de animais com cancro (muito devido à longevidade que já conseguem atingir), mas também pela grande evolução que tem havido no seu  diagnóstico e tratamento. Sem dúvida que a PREVENÇÃO e o DIAGNÓSTICO PRECOCE merecem a maior das atenções!

Prevenção

Falar de PREVENÇÃO em cancro é sinónimo de assumir boas práticas com as nossas mascotes: 
-Nutrição de elevada qualidade (alimento Premium ou Super Premium);
-Vacinações e Desparasitações em dia (sinónimo de sistema imunitário fortalecido);
-Manutenção do peso ideal (adequado plano nutricional e exercício físico, vão reforçar o sistema imunitário);
-Boa saúde oral (direta prevenção de cancro na cavidade oral e com impacto em todo o organismo);
-Boa saúde da pele e pelagem (direta prevenção, mas sobretudo deteção precoce, de alterações dermatológicas);
-Evitar exposição a poluentes (fumos, poluição em geral...);
-Cirurgia preventivo/eletiva (nomeadamente esterilizações/castrações precoces, fazendo deste modo uma efetiva prevenção de tumores mamários, do útero, dos ovários, dos testículos e ainda de alguns tumores da próstata);
-Visitas regulares ao médico veterinário (1 a 2 vezes por ano) para check ups de saúde (principalmente em animais com mais de 5 ou 7 anos, dependendo da raça).

Diagnóstico precoce

O DIAGNÓSTICO PRECOCE é fundamental para o sucesso terapêutico. A sintomatologia de cancro é muitas vezes inespecífica, mas, principalmente em mascotes geriátricas, existem SINAIS DE ALERTA:  
-Emagrecimento súbito;
-Perda de apetite;
-Claudicação, muitas vezes associada ao aparecimento de massas/nódulos/edemas em alguma parte do corpo;
-Aparecimento de massas/nódulos/edemas;
-Vómito, fezes moles e diarreia recorrentes, alterações na micção, por vezes com presença de sangue;
-Tosse persistente, dificuldade respiratória;
-Dor;
-Muito cansaço durante caminhada/exercício;
-Mucosas pálidas;
-Febre recorrente;
-Feridas que não cicatrizam;
...

 Dra. Isabel Maia
Médica Veterinária
Grupo HVV – Hospital Veterinário Viseu

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Leishmaniose. Dúvidas?

O que é?

É uma doença causada por um protozoário (Leishmania infantum), transmitido através da picada de um inseto (Phlebotomus perniciosus) parecido com um mosquito muito pequeno (2 a 3 mm), e que se estima ter elevada prevalência na população canina do nosso país.

Quais os principais sintomas?

Os sintomas mais frequentes manifestam-se na pele (feridas de difícil cicatrização, seborreia aumentada, maior queda de pelo); pode haver também crescimento exagerado das unhas; perda de peso com atrofia muscular; anemia; epistáxis; hipertrofia dos gânglios linfáticos; insuficiência renal; …

É grave?

Pode ser muito grave, principalmente se não for diagnosticada a tempo.

É fácil o seu diagnóstico?

Sim, o diagnóstico da leishmaniose pode ser obtido em cerca de 20 minutos, com um teste rápido para deteção de anticorpos em apenas algumas gotas de sangue.

Tem cura?

Ainda não tem cura, mas pode ser convertida numa doença crónica e assintomática se devidamente tratada e monitorizada.

Pode ser prevenida?


Sim, pode ser prevenida através do uso de um ou, idealmente, da associação de PRODUTO TÓPICO com ação REPELENTE do INSETO transmissor, com a VACINA contra a leishmaniose e/ou com uma SOLUÇÃO ORAL específica ESTIMULANTE da IMUNIDADE. Devem-se evitar passeios ao amanhecer e entardecer, principalmente em épocas de maior calor onde o inseto vetor é mais ativo, e ainda assegurar um bom estado de saúde (ter os planos vacinais, de desparasitação interna e externa atualizados, fazer uma adequada alimentação …).

É transmissível ao Homem?

Não é transmissível ao Homem diretamente pelo cão, mas o inseto que infeta o cão também pode infetar o Homem.

E atenção! 

Continuamos a diagnosticar, nomeadamente no distrito de Viseu, casos de leishmaniose... 

Apelo à PREVENÇÃO!

 Dra. Isabel Maia
Médica Veterinária
Grupo HVV – Hospital Veterinário Viseu

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Esterilização/Castração em Cães e Gatos: Dúvidas?


É Verdade que prolonga a Vida?
-Sim. Proceder à esterilização por ovariohisterectomia (remoção dos ovários e útero) precocemente, duplica a esperança média de vida (evita tumor mamário, uterino, ovárico, infeções nestes órgãos, …);

As fêmeas devem ter crias antes de serem esterilizadas?
-Não. Podem até ser esterilizadas antes do primeiro cio de modo a eliminar a possibilidade de aparecimento de tumor mamário;

Quando esterilizar?
-Posso esterilizar em qualquer idade, sendo ideal por volta dos 6 a 7 meses (variando com a espécie, raça, sexo e indivíduo);

A esterilização predispõe à obesidade? 
-Sim, mas existem alimentos próprios para animais esterilizados que evitam tal situação;

Esta intervenção cirúrgica é segura? 
-Sim. Hoje em dia este tipo de intervenção pode ser realizada sob escrupulosas medidas de segurança. É importante a opção por um local com bloco cirúrgico dedicado e bem equipado, assim como uma equipa cirúrgica experiente.
Deve ser realizada consulta pré cirúrgica onde é feito um rigoroso exame físico, de modo a conhecer bem a mascote e poder realizar a anestesia geral e procedimento cirúrgico com toda a confiança;

Que cuidados devo ter coma mascote após a cirurgia?
-Na 1ª semana deve haver repouso e vigilância/desinfeção da linha de sutura/acesso. Poderá também haver medicação para casa. A alimentação passa a ser para esterilizados;

Quais os principais benefícios da esterilização/castração para os machos? 
-Diminui o risco de fugas, reduz a incidência de lesões por diminuição de lutas, diminui ou elimina comportamentos de marcação de território, diminui a incidência de tumores prostáticos, elimina a possibilidade de tumores testiculares, diminui a agressividade, aumenta a esperança média de vida.














quarta-feira, 26 de outubro de 2016

(Não) tenha medo e abra a boca da sua mascote!

Arrisco dizer que 3 em cada 4 leitores vai ficar surpreendido com aquilo que vai ver...
Desde alterações na cor dentária, tártaro, gengivites, fraturas/excessivo gastamento dos dentes, más oclusões, perdas de peças dentárias ou dentes de leite retidos, são fáceis de encontrar. E não se pense que o mau hálito, hipersalivação, engolir os alimentos sem uma “trincadela” sejam normais!

Estima-se que cerca de 80% dos cães e 70% dos gatos com mais de 3 anos, tenham já sintomatologia de doenças da cavidade oral

Para termos ideia da frequência das patologias orais, estima-se que cerca de 80% dos cães e 70% dos gatos com mais de 3 anos, tenham já sintomatologia de doenças da cavidade oral. E atenção que estas patologias vão ter impacto no organismo, podendo causar infeções graves em órgãos tão importantes como o coração e os rins! 
Uma ideia errada e com que me deparo ainda muitas vezes, é o tutor achar normal que com a idade a mascote tenha algum tipo de alterações das que referi. “Não, não é normal!”
Tenhamos presente que as mascotes usam a boca na “descoberta” do seu mundo, e que nem sempre têm à disposição os melhores recursos no que toca à prevenção na saúde oral. 
Por outro lado, a cada vez mais próxima relação entre o animal de companhia e o Homem, torna quase impossível evitar erros de antropomorfização também a nível alimentar e como tal é de esperar, que surjam mais mascotes com tártaro, gengivite e doença periodontal.

A prevenção é fulcral

A prevenção é fulcral e passa por habituar a mascote ao manuseamento da boca com escovagem dos dentes. Existem ainda pastas dentífricas enzimáticas, snacks, alimentos secos e brinquedos específicos, com ação positiva na saúde oral. São importantes as visitas regulares ao veterinário! Se houver tártaro, este fará uma destartarização, sob anestesia geral, ainda que leve, evitando qualquer sensação dolorosa e stress associados ao procedimento.
E sim, “antropomorfizemos” as mascotes escovando-lhes os dentes diariamente, principalmente se tivermos cães de pequeno/médio porte, que se sabe estarem mais predispostos à formação de tártaro.

 Dra. Isabel Maia
Médica Veterinária
Grupo HVV – Hospital Veterinário Viseu

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Urgências Veterinárias!

Da casuística que tenho acompanhado, verifico que há ainda um grande desconhecimento do que é verdadeiramente uma urgência em veterinária.
Ainda vejo chegarem à consulta animais que não urinam há dias... (principalmente gatos) e que ninguém valorizou devidamente; que fizeram uma lesão ocular severa e que ficaram à espera que se resolvesse sozinha...; que subitamente começaram a vomitar e que não havia maneira de “dizerem” o que tinham comido...; que não evacuam há dias... e que finalmente deixaram de comer; animais que chegam brancos e “estafados” de anémicos e que só hoje os tutores se aperceberam; ...

Tenhamos mais atenção, pelo menos às funções vitais das nossas mascotes, e sempre que algo não nos pareça de acordo, porque não telefonar de imediato ao médico veterinário e expor a situação?
É para isso também que nós existimos, e podem crer que é sempre um gosto poder ajudar! 

Situações em que deve de imediato contactar o serviço de urgência veterinária

Eis algumas situações em que deve de imediato contactar o serviço de urgência veterinária:
-Atropelamentos, quedas, mordeduras,  com suspeita de lesões ainda que não lhe pareçam graves; 
-Queimaduras, cortes, ferimentos diversos que suspeite terem alguma gravidade;
-Golpes de calor (não deixar as mascotes dentro dos carros, ainda que à sombra), ou de frio;
-Intoxicações ou suspeita delas;
-Lesões oculares;
-Perda de apetite por mais que 24h;
-Notório esforço de vómito infrutífero e consecutivo, principalmente em cães de raças grandes e gigantes;
-Aparecimento súbito de salivação excessiva;
-Súbita dificuldade respiratória;
-Convulsões, tremores ou desequilíbrio;
-Incapacidade de defecar ou urinar, com múltiplas tentativas falhadas;
-Diarreia profusa, ou com presença ou suspeita de sangue;
-Febre;
-Presença ou suspeita de sangue na urina, fezes, secreções nasais, ou orais.

 Dra. Isabel Maia
Médica Veterinária
Grupo HVV – Hospital Veterinário Viseu