sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Dilatação / torção gástrica, urgência!

Dada a importância, diria que vital, da celeridade no reconhecimento de sinais de algumas doenças para melhor prognóstico e até salvar vidas, hoje falo sobre dilatação/torção gástrica.

O que é e como prevenir?

Com o avanço da idade, particularmente em raças de cães de grande a gigante porte, vai havendo maior flacidez dos ligamentos de sustentação de orgãos, nomeadamente do estômago. Fazendo uma alimentação adequada (dividir em duas a dose total diária recomendada de um alimento de qualidade) e promovendo repouso após as refeições, é possível diminuir a probabilidade de ocorrência de processos de dilatação excessiva do estômago, que podem levar à sua rotação e subsequente torção.
Preventivamente está recomendada uma cirurgia que fixa o estômago à parede costal, gastropéxia.
Embora não haja uma época especifica definida para maior probabilidade de ocorrência desta severa patologia nos animais mais predispostos, podemos constatar que existem alturas de maior risco nomeadamente, épocas festivas e de frutas maduras (possibilidade de ingestão de alimentos não apropriados e com elevado potencial de fermentação).

Quais os principais sintomas?

Numa situação de dilatação iremos notar o cão inquieto com tentativas de vómito que são muitas vezes infrutíferas. Na maioria destas dilatações há produção excessiva de gás ficando o abdómen visivelmente maior.
Por vezes já encontramos o cão bastante prostrado, ofegante, com uma coloração azulada das mucosas e com a barriga bastante volumosa e timpânica ao toque (provavelmente já haverá torção).

O que fazer?

Como é um processo que compromete rapidamente a irrigação sanguínea de vários órgãos, levando a processos de isquémia e necrose, a urgência de resolução é elevadíssima, ou seja, na mínima suspeita desta situação deve dirigir-se de imediato para uma clínica ou hospital veterinários.

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Esterilizar?


Deixar fluir a natureza talvez fosse o ideal, mas nós interferimos há muito…

A partir do momento em que colocámos animais a fazer-nos companhia, alterámos as regras. Quero com isto dizer que os tornámos dependentes de nós e nós também cada vez mais deles. 

Com a domesticação ao longo de milhares de anos fomos “abafando” comportamentos de sobrevivência em particular no cão, mas também em muitas raças de gatos que diminuíram em muito, por exemplo, as suas capacidades predatórias.

O risco de termos animais de companhia abandonados, ainda por cima não esterilizados é uma bomba relógio, pois o potencial de multiplicação desajustado aos recursos e competências de sobrevivência é enorme!

Por outro lado, o simples facto de tomarmos conhecimento sobre as suas reais necessidades, ao mesmo tempo que descobrimos mais sobre o que melhora a sua vida, confere-nos maior responsabilidade.

É sabido, por exemplo, que a esterilização prolonga a vida (previne muitas doenças e comportamentos de risco), mas também contribui para o bem-estar do animal de companhia que vivendo, muitas vezes apenas connosco, sem possibilidade de expressar por completo o seu comportamento sexual, pode desenvolver ansiedade e até tornar-se agressivo.

Convém também equacionarmos se, vivendo já grande parte das mascotes em apartamento bem junto a nós, estaremos preparados para comportamentos de manifestação de cio (por parte de fêmeas não esterilizadas) ou resposta a este (por parte de machos não castrados), como sejam vocalizações mais exuberantes, marcação territorial, perdas de fluidos sanguinolentos, etc ?
Não me parece que a resposta seja consensual, pelo menos por parte de todos os inquilinos do prédio…


Ah, e não pensemos que os animais esterilizados ficam tristes, ou com algum problema comportamental por não deixarem descendência. Eles apenas respondem à sua atividade hormonal, não fazendo esse tipo de conjeturas. Há apenas alguns casos, em que a esterilização pode não ser de imediato recomendada, mas disso falarei noutro artigo.