sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Comportamento animal. Pedidos de ajuda a aumentar!


Começamos por sonhar com a mascote que nos irá acompanhar…
Já sabemos que precisa de vacinas, desparasitação, boa alimentação, etc, mas continuamos a descurar aspetos fundamentais para o seu desenvolvimento equilibrado e saudável. 
Muitas vezes, apenas ponderamos alguma disponibilidade financeira e um pouco de espaço para, finalmente, irmos buscar aquela bolinha de pelo tão desejada!

Será que é a espécie que melhor se adequa a nós?

Ou a raça mais equilibrada para as nossas rotinas e feitio?

Ou ainda, será que temos informação suficiente para cuidar devidamente, nomeadamente no que toca ao comportamento animal?

São cada vez mais os pedidos de ajuda na área da medicina comportamental. Muitos casos começam por ser engraçados para os tutores mas com o passar do tempo vão evoluindo para verdadeiros problemas. 
Um exemplo é a ansiedade por separação em cães, com queixas dos vizinhos e até idas da polícia a casa. Outra situação é a escalada dos sinais de agressividade até ao ataque com mordida! Ou ainda a intolerância a outros animais, carros, pessoas a correr, etc o que dificulta passeios e toda uma vida social que gostaríamos usufruir com a mascote bem comportada. 
Vão surgindo novos problemas de comportamento, à medida que as relações com humanos se vão estreitando. A antropomorfização da mascote que vive connosco é quase inevitável. Assim, transpor para ela necessidades que são nossas ou, pelo contrário, não conhecer o seu etograma (padrão de comportamentos característicos de cada espécie), influenciam negativamente o seu bem-estar.
É cada vez mais importante termos o máximo de informação acerca da espécie, raça, ou simplesmente da proveniência e início de vida do animal de companhia a eleger. Depois, na chegada a casa (idealmente por volta dos 2 meses de idade) até somos parecidos: há que ir à escola… aproveitando o período “esponja” de aprendizagem nesta fase de  socialização e frequentar Puppy Classes para os cachorros e Kitten Classes para os gatinhos. 
Seguidamente, um treino de obediência básico em todos os cães é importantíssimo.

Insisto numa boa educação e treino durante toda a vida, de modo a manter o bem - estar de todos.

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Medicina veterinária, novas possibilidades…


Com o aumento do respeito, consideração e sobretudo do amor pelos animais, aliados a uma investigação cada vez mais audaciosa com rápidos avanços da ciência, temos vindo a ultrapassar dificuldades, quebrando barreiras até há pouco intransponíveis. 

Hoje em dia temos ao dispor amplas ferramentas preventivas, meios de diagnóstico avançados, técnicas de tratamento médico cirúrgicas de ponta, novos medicamentos (desde os clássicos melhorados e adaptados à medicina veterinária, até aos mais “futuristas” como sejam as múltiplas abordagens com células estaminais, imunoterapias, etc), ou mesmo já a integração das diversas medicinas complementares (acupuntura, implantes de ouro, ozonoterapia, …) com a medicina convencional. Tudo isto associado à partilha da informação, rapidez e capacidade de circulação da mesma, assim como de produtos, sejam eles equipamentos ou medicamentos, faz com que se resolvam ou controlem cada vez mais patologias em praticamente qualquer ponto do planeta. 

Enfim, é a globalização também ao serviço da medicina veterinária. 

Concretizo com um exemplo onde a tenacidade do tutor foi fulcral para pôr em prática o que escrevi. 
Sucintamente, um gato muito especial sofreu um traumatismo, ficando incapacitado de urinar normalmente mesmo após esgotar todas as possibilidades tidas como viáveis envolvendo cirurgia, internamento prolongado com vários procedimentos de tentativas de recuperação da função de urinar autonomamente. O seu inexcedível e excecional tutor nunca desistiu dele, incentivando a equipa médica a ir “até ao fim do mundo” na tentativa de resolver definitivamente a obstrução da uretra por severa estenose (estreitamento). 

Assim, não medindo esforços, realizamos uma rara intervenção a nível mundial em animais de companhia, nomeadamente em gatos, com  a aplicação de um stent uretral (prótese de alargamento da uretra) que atravessou o oceano Atlântico, desde os USA até HVV Hospital Veterinário de Viseu, onde finalmente o nosso gatinho beneficiou de toda esta modernidade que só assim faz sentido!

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Animal de companhia e comportamentos…


O desejo de ter um animal de companhia é ancestral.
O Homem evolui associado ao cão e mais tarde ao gato (animais de companhia mais representativos) criando mesmo vínculos com estes.  Há muitas teorias sobre este assunto (animais funcionam como objeto de apego como sugere Bowlby; representam objeto de transição segundo Winnicott; são parceiros na organização social dos sistemas biológicos como refere Faraco; etc). 
Esta relação cada vez mais estreita e pejada de projeções de parte a parte, pode evoluir de forma indesejada. Existem estudos que relacionam o aparecimento de problemas comportamentais com a inconsistência e desadequação de atitudes dos tutores, face ao temperamento e comportamentos exibidos pelas mascotes. 
É fundamental que se conheçam as particularidades da espécie, raça, ou indivíduo que se pretende introduzir no lar. Ter um animal como companhia é ter mais um ser vivo junto a sí que vai interagir, exigir cuidados a vários níveis, nomeadamente tempo para lhe dedicar em múltiplas tarefas, sejam elas obrigações menos agradáveis, ou tão simplesmente um passeio pelo parque. 
Numa altura em que se fala tanto do animal de companhia, é inevitável a pressão de legitimação de finalmente o adquirir. É de facto uma alegria trazendo muitos benefícios, mas também uma fonte de preocupações.
No dia a dia de clínica deparo-me com situações, por vezes bastante complicadas quer por alterações comportamentais graves, quer por doença física que era impensável… 

É preciso acautelar cuidados básicos de medicina preventiva incluindo a educação e treino, não esquecendo ainda de ter pensado onde deixar, ou quem vai cuidar do nosso patudo quando formos de férias, ou tão simplesmente, quando não estivermos presentes…