terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Prevenção de problemas comportamentais

Ao contrário do que se possa imaginar, não são as doenças somáticas nem os acidentes que estão no topo das causas de morte e abandono nos animais de companhia. O principal motivo são   alterações de foro comportamental.
Para minimizar este problema é sem dúvida relevante que haja cada vez mais informação credível acerca do comportamento animal.


















Na minha prática clínica verifico que ainda há muito desconhecimento nesta matéria e que talvez não seja por nós, veterinários, lhe dada especial atenção.
Desde a escolha da mascote até à idade adulta e depois, embora em menor grau, durante toda a vida, é fundamental termos conhecimento de alguns princípios básicos e dicas que possam prevenir problemas comportamentais:

A escolha de uma mascote numa ninhada 

Na escolha de uma mascote numa ninhada, evite os extremos e não opte pelo mais tímido, nem pelo mais “oferecido”. Se tiver alguma expectativa em relação ao temperamento, faça uma pesquisa por raças, onde uma linha de previsibilidade comportamental o poderá ajudar. Opte por criadores, que promovam a socialização e que não permitam a saída da mascote (cão) antes das 8 semanas (há uma aprendizagem fulcral junto da mãe e irmãos);

Aposte na socialização

Esta tem um período sensível no qual todo e qualquer estímulo, ou ausência dele, molda o adulto. Este período varia das 4 às 14 a 16 semanas no cão e das 2 às 7 a 9 semanas no gato, consoante as raças e o desenvolvimento de cada animal. É aqui onde há uma maior abertura à aprendizagem (nesta fase as estruturas nervosas de resposta ao medo estão ainda em consolidação). A aquisição de conhecimentos sem a presença de medos dá-se de forma mais sólida. 

Existem já aulas de grupo (Puppy e Kitten Classes) com programas bem definidos e ministradas por técnicos credenciados, que promovem uma correta socialização. Nestas aulas, para além da oportunidade das mascotes brincarem, são abordados temas muito importantes para o seu desenvolvimento equilibrado, tais como prevenção de comportamentos destrutivos, eliminação adequada, manuseamento, inibição da mordida, autocontrole …e todo o processo de socialização intra e inter espécie e habituação com as mais diversas situações, objetos, sons… é feito com reforço positivo;

Continue a reforçar a socialização por toda a vida da sua mascote

Continue a reforçar a socialização por toda a vida da sua mascote e insista em treinos regulares ,sempre com recurso a adestramento pela positiva.


Isabel Maia
Médica Veterinária
Grupo HVV – Hospital Veterinário Viseu


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Ter um gato, faz bem à saúde!

Ter um animal de estimação em casa exige alguns cuidados. Mas o trabalho é pequeno comparado aos benefícios que eles nos trazem. Só os tutores de cães e de gatos é que podem confirmar isto! Se ainda não tem um animal de estimação, saiba que nunca é tarde para adotar um.  

A Metro (prestigiada revista Inglesa) reuniu 8 razões cientificamente comprovadas das quais destaco 7, sobre as pessoas que têm gatos em casa e que têm menores riscos de ter problemas de saúde:

1- Gatos podem reduzir os riscos de doença cardíaca

Assim como cães, os gatos também podem reduzir os níveis de stress dos seus tutores. Um estudo publicado no Journal of Vascular and Interventional Neurology encontrou uma diminuição do risco de morte por doenças cardíacas, incluindo o acidente vascular cerebral entre as pessoas que possuem gatos.

2- Gatos podem ajudar crianças com autismo

Investigadores da Universidade de Missouri descobriram que a interação social de crianças com autismo melhorou consideravelmente quando passaram a interagir e a conviver com animais de estimação. No estudo, metade das famílias que participaram tinha gatos em casa e, conforme os pais relataram os animais formaram fortes ligações com os seus filhos, melhorando a interação com outras crianças e com os pais.
“Estes tipos de habilidades sociais geralmente são difíceis para as crianças com autismo”, disse Gretchen Carlisle, investigadora do Centro de Pesquisas em Interação Humano-Animal.


3- O ronronar dos gatos ajuda a curar ossos, tendões e músculos

O ronronar, ruído contínuo produzido pelos gatos, não mostra apenas estão felizes. Um pesquisa publicada no National Library of Medicine, diz que o som também tem sido associado por muito tempo com uma capacidade de cura terapêutica nos ossos e músculos de humanos. Surpreendentemente, esta afirmação está relacionada com a frequência de vibrações dos ruídos emitidos por estes animais.
“Esta associação entre as frequências de gatos ‘ronrona e melhor cicatrização de ossos e músculos podem fornecer ajuda para algumas pessoas com problemas”, disse Leslie A. Lyons professora assistente na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade da Califórnia.

4- Encontrar o grande amor

Uma pesquisa conduzida pelo investigador líder pet Dr. June Nicolls verificou que as mulheres eram mais predispostas a ser atraídas por homens com animais de estimação. No estudo comprovou-se que 90% das mulheres solteiras investigadas ficariam mais atraídas por homens que tivessem gatos.




5- Menos problemas alérgicos e infecções respiratórias

Um estudo publicado pelo periódico Pediatrics revelou que o contato com cães e gatos no primeiro ano de vida pode beneficiar o sistema imunológico dos bebés, particularmente contra as doenças respiratórias.
De acordo com um estudo publicado pela American Academy of Allergy, Asthma & Immunology, crianças em ambientes urbanos, com maior exposição a bactérias, desenvolveram uma melhor  sensibilidade para alergias. Bebés expostos a gatos, baratas e ratos tiveram menos probabilidade de desenvolver alergias.


6- Gatos melhoram a saúde mental

Numa pesquisa realizada pela Cats Protection, 600 pessoas, onde metade tinha problemas de saúde mental, 87% dos donos de gatos sentiram que os seus animais de estimação têm um impacto positivo no seu bem-estar.

7- Vídeos de gatos deixam-no feliz!


Um estudo com mais de 7.000 pessoas feito pela Indiana University Bloomington, descobriu que assistir a vídeos de gatos aumenta a energia dos espectadores e causa emoções positivas, diminuindo sentimentos negativos. “Algumas pessoas podem pensar que assistir a videos on-line de gatos não é um assunto suficientemente sério para a pesquisa académica, mas o facto é que é um dos usos mais populares da internet de hoje e estes videos  trabalham o emocional e ajudam na conclusão de tarefas difíceis no futuro”, disse a professora assistente Jessica Myrick.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Algumas boas razões para ter um cão


Moisés na Amipet
Faz parte do imaginário de muitos o desejo, por vezes logo na infância, de ter um cão. Do que muitos talvez não tenhamos plena consciência, serão dos seus efetivos benefícios. 

Estou cada vez mais convencida que essa afinidade/desejo de infância, deve estar já codificada nos nossos genes, resultado de milhares de anos de convivência. 

E se no início da domesticação, o cão ajudava o Homem na caça e na segurança das tribos tendo em troca alimento e abrigo; hoje em dia essa relação cresceu de tal modo, que leva muitos especialistas a afirmar não existir registo de amizade tão forte e duradoura entre duas espécies como a nossa e a do cão. Passo então a enumerar só alguns dos benefícios por ter um cão:

Companheirismo

Os cães são animais sociais e como tal vão adorar interagir connosco, proporcionando-nos bons momentos de diversão e relaxamento;

Promoção da nossa socialização

Benefício particularmente importante para quem vive só e/ou tem dificuldade em se relacionar com outros. Sabe-se que a presença de um cão em contexto de alguma tensão/stress intelectual, nomeadamente em ambientes estudantis, diminui o cortisol (hormona libertada em stress e que, se em grandes quantidades e/ou presente durante muito tempo, pode conduzir a uma serie de problemas de saúde);

Maior motivação para a prática regular de desporto

Um cão precisa de exercício diário, logo temos um forte motivo para nos mexermos também. Estudos comprovam que ter um cão reduz a probabilidade de sofrer de obesidade, e há inclusive investigadores que demonstraram uma correlação direta com níveis mais baixos de colesterol e tensão arterial; -Desenvolvimento mais equilibrado e saudável das crianças. Sabe-se que crianças que crescem com animais de companhia, nomeadamente o cão, adoecem menos, têm menos tendência a desenvolver alergias, desenvolvem os seus sentimentos de compaixão, responsabilidade, negociação, paciência, e aprendem a lidar melhor com as diversas etapas da vida incluido a morte;

Ajuda no diagnóstico e/ou tratamento de doenças

O cão, após treino específico, já é usado para deteção e coadjuvante de tratamento de alguns cancros (mamário, cólon...), diabetes, epilepsia, hipertensão arterial, autismo, ...;


Em suma, o cão é de facto um promotor da Felicidade. Cabe-nos a nós, humanos, respeitá-lo e cuidar bem dele. 

 Dra. Isabel Maia
Médica Veterinária
Grupo HVV – Hospital Veterinário Viseu

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Algumas boas razões para não ter um cão

A Bolota da Amipet
Temos assistido ultimamente a um emergir de programas televisivos, revistas, informações on line, eventos… sobre animais de companhia, com particular enfoque no cão. 

É sem duvida importante que se trabalhe a consciencialização do que é ter aos nossos cuidados um animal de estimação. É legítimo que perante tal envolvência de conteúdos nos questionemos, ou nos questionem, sobre “ter ou não ter uma mascote”.  Antes de tomarmos qualquer decisão neste sentido, devemos ter presente qual a verdadeira motivação, e se ela é ou não válida para a construção uma boa relação. 

No caso de se querer um cão como animal de companhia (também se pode aplicar a outro tipo de mascotes) apontam-se algumas razões pelas quais não devemos tomar esta decisão:

Impulsividade ou presente surpresa

Ter um animal de companhia pode implicar uma mudança grande na nossa vida, o que deve ser sempre bem planeado;

Intimidação ativa de estranhos 

O cão, animal de companhia, não deve ser usado como intimidador direto de estranhos. Poderemos desenvolver-lhe problemas comportamentais, nomeadamente agressões, medos/fobias, comportamentos de destruição …;

Moda ou estatuto 

Selecionar um cão pela raça da moda ou por um estatuto, pode vir a ser uma desagradável experiência quer para o tutor quer para o cão. A desinformação sobre determinadas características/exigências de algumas raças pode acarretar uma série de problemas para quem não está devidamente preparado para lidar com elas;

Problemas familiares 

Começa a ser frequente a adoção de um animal de companhia, nomeadamente o cão, com o intuito de amenizar ou mesmo resolver adversidades nos relacionamentos/contrariedades familiares (impossibilidade de ter filhos, desavenças maritais, situações de luto…). Um cão não vai resolver problemas entre os membros da família, e é inclusive mais provável que se torne ainda num elemento gerador de mais stress;

Cedência aos pedidos dos filhos 

Tenhamos consciência que introduzir um cão na família  exige mais disponibilidade de tempo e recursos. Se de facto para nós ainda não é a altura certa, não devemos passar essa responsabilidade às nossas crianças. Tente uma segunda opção que pode passar por  voluntariado em centros de acolhimento de animais, e/ou participação em eventos de formação/socialização com atividades assistidas por animais.


 Dra. Isabel Maia
Médica Veterinária
Grupo HVV – Hospital Veterinário Viseu