Ao contrário do que se possa imaginar, não são as doenças somáticas nem os acidentes que estão no topo das causas de morte e abandono nos animais de companhia. O principal motivo são alterações de foro comportamental.
Para minimizar este problema é sem dúvida relevante que haja cada vez mais informação credível acerca do comportamento animal.
Na minha prática clínica verifico que ainda há muito desconhecimento nesta matéria e que talvez não seja por nós, veterinários, lhe dada especial atenção.
Desde a escolha da mascote até à idade adulta e depois, embora em menor grau, durante toda a vida, é fundamental termos conhecimento de alguns princípios básicos e dicas que possam prevenir problemas comportamentais:
A escolha de uma mascote numa ninhada
Na escolha de uma mascote numa ninhada, evite os extremos e não opte pelo mais tímido, nem pelo mais “oferecido”. Se tiver alguma expectativa em relação ao temperamento, faça uma pesquisa por raças, onde uma linha de previsibilidade comportamental o poderá ajudar. Opte por criadores, que promovam a socialização e que não permitam a saída da mascote (cão) antes das 8 semanas (há uma aprendizagem fulcral junto da mãe e irmãos);
Aposte na socialização
Esta tem um período sensível no qual todo e qualquer estímulo, ou ausência dele, molda o adulto. Este período varia das 4 às 14 a 16 semanas no cão e das 2 às 7 a 9 semanas no gato, consoante as raças e o desenvolvimento de cada animal. É aqui onde há uma maior abertura à aprendizagem (nesta fase as estruturas nervosas de resposta ao medo estão ainda em consolidação). A aquisição de conhecimentos sem a presença de medos dá-se de forma mais sólida.
Existem já aulas de grupo (Puppy e Kitten Classes) com programas bem definidos e ministradas por técnicos credenciados, que promovem uma correta socialização. Nestas aulas, para além da oportunidade das mascotes brincarem, são abordados temas muito importantes para o seu desenvolvimento equilibrado, tais como prevenção de comportamentos destrutivos, eliminação adequada, manuseamento, inibição da mordida, autocontrole …e todo o processo de socialização intra e inter espécie e habituação com as mais diversas situações, objetos, sons… é feito com reforço positivo;
Continue a reforçar a socialização por toda a vida da sua mascote
Continue a reforçar a socialização por toda a vida da sua mascote e insista em treinos regulares ,sempre com recurso a adestramento pela positiva.
Isabel Maia
Médica Veterinária
Grupo HVV – Hospital Veterinário Viseu