sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Adotar uma mascote. 7 regras:


  1. Nunca adote por impulso. Ter um animal de companhia é uma decisão para a vida. As alegrias e vantagens vão ser muitas, mas a responsabilidade, preocupações, trabalho e despesas vão ser uma constante;
  2. Tente perceber qual o tipo de mascote (gato, cão, coelho, …) que melhor se adapta a si e ao seu estilo de vida. Se quer determinado tipo de caráter/temperamento no seu animal de companhia, é melhor optar por uma raça que lhe ofereça um trabalho de seleção nesse sentido (ex.: um Beagle é um cão predominantemente alegre, ativo, muito curioso, inteligente mas também teimoso e que requer um bom adestramento; um Pastor Alemão é sem dúvida um cão vigilante, curioso, inteligente, destemido, entre outras características e que precisa de treino dedicado);
  3. Se apenas deseja um animal de companhia pelo genuíno gosto de acarinhar uma vida junto a si, nada melhor do que adotar uma mascote abandonada à sua sorte num qualquer refúgio. Vai exigir de si muito mais abertura à novidade e imprevisibilidade, mas o que é mais frequente é termos a agradável surpresa de privarmos com animais extremamente inteligentes, meigos e por vezes com comportamentos de quase agradecimento, na medida em que manifestam uma tal dedicação ao tutor, que chega a ser comovente. Por norma, são também animais mais resistentes a doenças e não tão exigentes em cuidados para se manterem saudáveis;
  4. Se tiver de escolher uma mascote numa ninhada evite os extremos. Não opte pelo mais tímido, nem pelo mais “oferecido”. A probabilidade de termos alterações comportamentais no adulto é maior num animal receoso ou afrontador;
  5. Se a escolha passa por criadores, opte pelos que promovem a socialização e não permitem a saída da mascote (cão) antes das 8 semanas (há uma aprendizagem fulcral junto da mãe e irmãos);
  6. Por muito que queira, não adote um gato assilvestrado. Estes gatos não estão adaptados a permanecer junto ao Homem, vivendo na Natureza (campo, cidade) em perfeito equilíbrio, desde que não ultrapassem números que coloquem em risco os recursos que necessitam;
  7. Não adote animais selvagens e muito menos espécies em risco. Para além de ser ilegal é uma violência contra estes animais.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

A inteligência do cão e do gato

Dos muitos animais de estimação com que me fui cruzando ao longo de mais de 20 anos de clínica em animais de companhia, pude constatar o seu raciocínio (resolvem problemas, descobrem soluções,...), sentimentos (medos, alegrias, apatias, talvez mesmo tristezas,...), memória (lembram-se de pormenores, mostrando comportamentos muitas vezes surpreendentes,...), enfim, são de facto dotados de uma apurada cognição!



Para terem uma ideia mais precisa e cientificamente comprovada, sabe-se hoje que, à exceção do uso de ferramentas, tanto o cão como o gato são dotados das seguintes funções cognitivas:
-Atenção;
-Aprendizagem e memória;
-Classificação, discriminação ou diferenciação e seleção;
-Reconhecimento e orientação espacial;
-Raciocínio: segundo alguns cientistas, são mesmo considerados seres racionais, já que atuam em função de motivações que podem ser compreendidas objetivamente;
-Resolução de problemas: envolvendo raciocínio abstrato para além da tentativa e erro ou da mera associação de estímulos;
-Tomada de decisões;
-Comunicação e “linguagem” ou cognição social;
-Temporalidade: capacidade de medir o tempo.
Já dizia Darwin no século XIX “Não há diferenças fundamentais entre o Homem e os Animais(...) os Animais, como os Homens, demonstram sentir prazer, dor, felicidade e sofrimento.”
 Respeitemos pois ainda mais os nossos animais, e tenhamos consciência que ter o privilégio da sua companhia exige de nós responsabilidade, cuidar sempre e em todas as situações. 
 Dra. Isabel Maia
Médica Veterinária
Grupo HVV – Hospital Veterinário Viseu

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Cães e gatos séniores. A que estar mais atento e o que fazer?

O cão e o gato entram na idade sénior por volta dos 7 anos (podendo variar um pouco com a espécie e a raça). 
É muito importante um bom acompanhamento também neste período. Então, o que fazer?
-Check up de saúde regular (no mínimo anualmente) se possível com exames complementares (análises sanguíneas, medição da pressão arterial, ...);
-Planos vacinais e de desparasitação em dia;
-Exercício e atividades de estimulação cognitiva. A ideia de que “Passa muito tempo a dormir, porque é velho...” é errada! Muitas vezes há recusa ao movimento por dor (levar ao veterinário!) e/ou falta de estimulação/atenção da nossa parte, o que pode desencadear/potenciar um processo de depressão/apatia, com agravamento do quadro clínico;
-Adequar o plano nutricional (introduzir alimentos dedicados a esta faixa etária).
Existem sinais que devemos estar mais atentos e que se forem persistentes devemos antecipar a visita ao veterinário: 
-Vómito recorrente (pode ser o primeiro alerta percetível pelo tutor de alteração renal);
-Alteração comportamental (mais parado, ou pelo contrário, excessivamente ativo como por ex. ladrar muito e a despropósito);
-Alteração na condição corporal (magreza ou aumento excessivo de peso);
-Alterações cutâneas (ex.: nódulos, muita queda de pelo com zonas de alopecia);
-Alterações nos hábitos alimentares e/ou urinários (sempre com fome, bebe e urina muito, ou, perda de apetite e dificuldade em urinar, ...);
-Alterações na coloração dentária e/ou mau hálito (podem indicar presença de tártaro, gengivite, alteração renal, …); ...

Sendo o envelhecimento um processo fisiológico, ele apenas traz novos desafios. É nossa obrigação ajudar a viver melhor esse tempo, que é de sabedoria e em que muitas vezes os nossos animais de companhia já nem precisam de nos ver ou ouvir para saberem exatamente o que nós queremos, merecendo ainda mais os nossos cuidados e atenção! 

 Dra. Isabel Maia
Médica Veterinária
Grupo HVV – Hospital Veterinário Viseu

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

As alterações no planeta e o impacto nos animais

Ainda relacionado com a polémica das alterações climáticas...
Um estudo recente diz que existem cerca de 5200 espécies de animais em risco de extinção (dados da União Internacional para a Conservação da Natureza). 
Preservar a Natureza é urgente! É a biodiversidade que está em causa e é já uma questão de lógica da nossa própria sobrevivência enquanto animal que partilha este Espaço.
Sabe-se que a biodiversidade é fundamental para o equilíbrio da vida na Terra. Sempre que uma espécie se extingue é uma peça do puzzle que se perde, pondo em risco o significado final do quadro da Vida.
Temos de nos envolver preservando a natureza, reciclando, não poluindo, preferindo energias renováveis e ajudando/(in)formando o próximo! 
Ainda que pareça pouco o que cada um pode fazer e isso o desmotive, lembrar que “o muito é feito de muitos poucos”.
Em relação ao veterinário que dedica a sua vida aos animais de companhia e qual o seu direto papel neste terrível cenário enquanto profissional, deixo uma pequena história...
“Certo dia alguém fez a seguinte pergunta a um médico veterinário:
-Se o mundo está tão mal, havendo tanta gente doente e a morrer, porque é que desperdiça o seu tempo com animais?
E a resposta pronta foi:
-Se há tanto animal doente, incluindo animais e pessoas a morrer devido a nós, seres humanos, porque é que eu hei de desperdiçar o meu tempo com quem nos destrói?”. 
Sim, é urgente cuidar de todos os animais, sendo que os mais “doentes” e porventura a precisar de cuidados mais “profundos” sejamos mesmo nós, os humanos…
Termino com o forte desejo que um dia se concretize a frase de Louis Pasteur: “a medicina cura o homem, a medicina  veterinária cura a humanidade”.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Cancro nos animais de companhia: prevenção e sinais de alerta!

A Oncologia na Veterinária está na ordem do dia, não só pelo aumento do nº de animais com cancro (muito devido à longevidade que já conseguem atingir), mas também pela grande evolução que tem havido no seu  diagnóstico e tratamento. Sem dúvida que a PREVENÇÃO e o DIAGNÓSTICO PRECOCE merecem a maior das atenções!

Prevenção

Falar de PREVENÇÃO em cancro é sinónimo de assumir boas práticas com as nossas mascotes: 
-Nutrição de elevada qualidade (alimento Premium ou Super Premium);
-Vacinações e Desparasitações em dia (sinónimo de sistema imunitário fortalecido);
-Manutenção do peso ideal (adequado plano nutricional e exercício físico, vão reforçar o sistema imunitário);
-Boa saúde oral (direta prevenção de cancro na cavidade oral e com impacto em todo o organismo);
-Boa saúde da pele e pelagem (direta prevenção, mas sobretudo deteção precoce, de alterações dermatológicas);
-Evitar exposição a poluentes (fumos, poluição em geral...);
-Cirurgia preventivo/eletiva (nomeadamente esterilizações/castrações precoces, fazendo deste modo uma efetiva prevenção de tumores mamários, do útero, dos ovários, dos testículos e ainda de alguns tumores da próstata);
-Visitas regulares ao médico veterinário (1 a 2 vezes por ano) para check ups de saúde (principalmente em animais com mais de 5 ou 7 anos, dependendo da raça).

Diagnóstico precoce

O DIAGNÓSTICO PRECOCE é fundamental para o sucesso terapêutico. A sintomatologia de cancro é muitas vezes inespecífica, mas, principalmente em mascotes geriátricas, existem SINAIS DE ALERTA:  
-Emagrecimento súbito;
-Perda de apetite;
-Claudicação, muitas vezes associada ao aparecimento de massas/nódulos/edemas em alguma parte do corpo;
-Aparecimento de massas/nódulos/edemas;
-Vómito, fezes moles e diarreia recorrentes, alterações na micção, por vezes com presença de sangue;
-Tosse persistente, dificuldade respiratória;
-Dor;
-Muito cansaço durante caminhada/exercício;
-Mucosas pálidas;
-Febre recorrente;
-Feridas que não cicatrizam;
...

 Dra. Isabel Maia
Médica Veterinária
Grupo HVV – Hospital Veterinário Viseu

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Leishmaniose. Dúvidas?

O que é?

É uma doença causada por um protozoário (Leishmania infantum), transmitido através da picada de um inseto (Phlebotomus perniciosus) parecido com um mosquito muito pequeno (2 a 3 mm), e que se estima ter elevada prevalência na população canina do nosso país.

Quais os principais sintomas?

Os sintomas mais frequentes manifestam-se na pele (feridas de difícil cicatrização, seborreia aumentada, maior queda de pelo); pode haver também crescimento exagerado das unhas; perda de peso com atrofia muscular; anemia; epistáxis; hipertrofia dos gânglios linfáticos; insuficiência renal; …

É grave?

Pode ser muito grave, principalmente se não for diagnosticada a tempo.

É fácil o seu diagnóstico?

Sim, o diagnóstico da leishmaniose pode ser obtido em cerca de 20 minutos, com um teste rápido para deteção de anticorpos em apenas algumas gotas de sangue.

Tem cura?

Ainda não tem cura, mas pode ser convertida numa doença crónica e assintomática se devidamente tratada e monitorizada.

Pode ser prevenida?


Sim, pode ser prevenida através do uso de um ou, idealmente, da associação de PRODUTO TÓPICO com ação REPELENTE do INSETO transmissor, com a VACINA contra a leishmaniose e/ou com uma SOLUÇÃO ORAL específica ESTIMULANTE da IMUNIDADE. Devem-se evitar passeios ao amanhecer e entardecer, principalmente em épocas de maior calor onde o inseto vetor é mais ativo, e ainda assegurar um bom estado de saúde (ter os planos vacinais, de desparasitação interna e externa atualizados, fazer uma adequada alimentação …).

É transmissível ao Homem?

Não é transmissível ao Homem diretamente pelo cão, mas o inseto que infeta o cão também pode infetar o Homem.

E atenção! 

Continuamos a diagnosticar, nomeadamente no distrito de Viseu, casos de leishmaniose... 

Apelo à PREVENÇÃO!

 Dra. Isabel Maia
Médica Veterinária
Grupo HVV – Hospital Veterinário Viseu