quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Animais de Companhia em 2030...

Olhando para os animais de companhia de há 14 anos e comparando-os com os de hoje, constatamos uma enorme evolução, nomeadamente na melhoria das suas condições de vida e no reconhecimento da sua importância e direitos. 
Acredito assim, que este processo evolutivo continuará e que num futuro não tão longínquo, os animais de companhia irão efetivamente fazer parte do agregado familiar (com todos os direitos e obrigações que isso possa implicar...). 
Haverá mais exigência para se poder ter uma mascote, por ex. passará a ser  obrigatório fazer-lhe um seguro de saúde e previdência, assim como haverá obrigatoriedade na frequência de aulas de socialização/treino básico de obediência. 
Em todos os Centros de Recolha/Abrigos para animais, será proibida a eutanásia como meio de controlo das populações, e serão obrigatórios programas comportamentais de apoio à reinserção para adoção e as esterilizações farão parte desses programas. 
Embora anteveja a valorização e o respeito pelo animal de companhia, dados os requisitos que prevejo e desejo serem exigidos para se poder ter uma mascote, acho que o número real de animais de estimação irá baixar. No entanto, a sua longevidade irá aumentar (prestar-se-ão mais e melhores cuidados de saúde), mas aparecerão consequentemente mais patologias como o cancro e processos degenerativos em geral. 
Vamos ver o animal de companhia a poder entrar em todos os espaços e edifícios públicos e deixaremos de o ver a abrir noticiários como “O cão que atacou...”. Poderá sim, passar a ser notícia (ainda que, espero, também por ser rara) “O homem que agrediu o cão...”. 
Teremos parques, bebedouros e WCs públicos só para as mascotes, aliás, estes já vão existindo por esse mundo fora, inclusive também em algumas cidades de referencia em Portugal. 
Partindo do princípio que os nossos animais vão estar muito bem educados (podendo ainda fazer cursos de formação específica em diferentes áreas), será de esperar a sua maior e mais ativa colaboração em programas de reabilitação/ajuda interespécie. 
Para além do sobejamente conhecido “cão polícia”, vamos ter por ex. cães “fisioterapeutas”; “médicos”; “professores”; “bombeiros”;... Não, isto não é uma piada! Eles já vão existindo, ainda que muito “envergonhados”, mas desempenhando importantíssimos papéis na assistência a invisuais, a incapacitados motores, a pessoas com problemas psicológicos, detetando precocemente doenças, prestando auxílio educativo em escolas, participando em diversas ações de socorro/salvamento ...
Em termos de atividade económica, a Clínica de Animais de Companhia tenderá a diminuir em Centros de Atendimento Médico Veterinários, mas evoluirá no sentido da exigência, especialização, progressos na investigação com reflexo direto na disponibilização de sofisticados de meios de diagnóstico!

Bom, tudo isto seria (e espero que seja) logicamente concretizável, se não fosse a “previsível imprevisibilidade” com que o mundo nos tem surpreendido e que certamente irá continuar durante os próximos 14 anos... 

 Dra. Isabel Maia
Médica Veterinária
Grupo HVV – Hospital Veterinário Viseu

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Emoções nos animais de companhia

Talvez nem todos tenhamos consciência de que as nossas mascotes também se emocionam…
 De modo a contribuir para um respeito ainda maior por todos os animais, em particular por aqueles que convivem connosco e nos ajudam todos os dias a sermos melhores seres humanos, deixo-vos aqui as emoções básicas que são capazes de sentir:
 - Sofrimento (pode resultar de dor física ou emocional);
 - Medo (surge perante ameaça real ou emocional);
 - Aversão (resposta a um estímulo desagradável);
 - Irritação ou ira (tem como principal manifestação a agressão);
 - Sobressalto (sempre que há algo inesperado e de aparição repentina);
 - Frustração (sempre que a mascote não consegue alcançar um objetivo, por exemplo quando existe uma barreira física ou social que impede a manifestação de um determinado comportamento, muito em particular quando este é essencial para o seu bem-estar);
 - Excitação (pode ser de origem sexual ou psicomotora);
 - Prazer, bem-estar (resposta a estímulos agradáveis).

 É cada vez mais importante proporcionarmos aos nossos animais de companhia boas condições de vida, até porque se sabe existir uma relação causal de alguns estados emocionais com o aparecimento de doenças (imunológicas, metabólicas) e transtornos comportamentais.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Eutanásia?

A eutanásia é-nos ensinada e devidamente explicada durante o nossa formação enquanto médicos veterinários. Por nossa vontade nenhum animal é eutanasiado sem que esteja irremediavelmente comprometida a sua qualidade de vida! 
É de facto de extrema importância que um tutor acompanhe e ajude, sempre da melhor forma, o seu animal de companhia. Também na agonia do fim da vida é preciso ter coragem para tomar decisões, sempre difíceis, mas absolutamente necessárias no sentido de suavizarmos o mais possível a partida de quem nos é muito querido e sabemos ter entrado numa última e irreversível fase da sua existência. Muitas vezes me pergunto se será justo prolongar determinadas situações... Compreendo, no entanto, quem desesperadamente busque soluções e precise de tempo para perceber, sobretudo aceitar, que certas perdas são mesmo inevitáveis mas que, podem crer, sempre aprendemos e crescemos com elas!
Homenageio aqui quem corajosamente ajuda o seu companheiro até ao último momento e depois de tudo tentar, opta, com muito amor, por um sono eterno...

Fisicamente eles podem partir, mas ficam para sempre as suas brincadeiras, lambidelas, meiguices, até os seus arranhões e sempre, sempre, a sua incondicional companhia!
 Dra. Isabel Maia
Médica Veterinária
Grupo HVV – Hospital Veterinário Viseu

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

A mascote chegou. O que fazer?

Iniciamos mais um ano, muitas vezes com um novo elemento na família.
Refiro-me em concreto aquele de quatro patas que chegou com o Pai Natal…
Deparo-me ainda com muito desconhecimento nesta fase tão marcante para o recém-chegado.
Então o que fazer?
-Saber quais os hábitos alimentares e rotinas a que a mascote vinha habituada e tentar, nos primeiros dias, não os alterar significativamente (mesmo que não muito corretos);
-Levar ao veterinário logo que possível, de modo a iniciar os programas de desparasitação, vacinação, nutrição, higiene oral, grooming (cuidados com a pele e pelagem) e educação/treino mais ajustados;
-Para o gatinho deve dispor de “WC” (caixa com areia que deve estar sempre limpa e ser de uso “pessoal”), taça da água, taça da comida (separadas e de preferência em inox ou louça), arranhador, local para descansar (se for mais elevado, tanto melhor) e brinquedos (opte pelos interativos, que estimulam a brincadeira dispensando alimento). O tipo de alimento deve ser de crescimento e de alta qualidade (o gatinho poderá ficar com a dose total diária da ração à disposição, pois fará pequenas refeições ao longo das 24h);

-Para o cachorro devem ter-se regras com rotinas bem definidas (hora de brincar, de passear, de fazer as necessidades, de comer, de dormir,…). Um local sossegado para descansar, separado do local onde come e bebe, assim como brinquedos (de preferência interativos), são requisitos básicos. Deve investir num alimento de qualidade superior, em particular nesta fase de rápido desenvolvimento e de mais suscetibilidade a doenças. Siga as instruções de dosagem da embalagem (a dose de ração indicada é a total diária e deve ser repartida em 3 a 4 refeições). Muito importantes são as Puppy Classes! Aqui tutor e cachorro adquirem conhecimentos fundamentais sobre comportamento animal, iniciando os primeiros passos na educação e treino. Estas aulas decorrem no período de socialização da mascote, incentivando através do reforço positivo o contacto com o mundo que a rodeia, o que permite a prevenção de problemas comportamentais no adulto e promove um desenvolvimento equilibrado e feliz.