É sabido que os animais de companhia nos oferecem benefícios fisiológicos e psicológicos contribuindo para a nossa saúde e felicidade. A sociedade tem vindo a estreitar relacionamentos com os seus animais, quer por força duma necessidade básica de convivência social, quer pela perceção dos referidos benefícios.
Como veterinária dedicada à clinica de animais de estimação, vou encontrando novos problemas/desafios. Sinto necessidade cada vez maior de entender o comportamento de cães e gatos (os mais representativos como animais de companhia). Não basta sabermos os seus etogramas (comportamentos que caracterizam determinada espécie e conduzem ao seu bem-estar) e as condições em que vivem, é já fundamental saber algo mais sobre as relações sociais com os seus tutores e a restante família. Vejo-me muitas vezes a tentar perceber o comportamento do tutor…
Sabemos da influencia determinante que este tem sobre o comportamento da sua mascote e quanto pode estar por trás de determinado problema comportamental, que por sua vez pode ser causa nº 1 da somatização desse distúrbio (ex: doenças dermatológicas, do sistema urinário, do aparelho gastrointestinal). É muito curioso constatar as parecenças nas atitudes, comportamentos, até em determinadas doenças entre as mascotes e os seus tutores (ex: se o gato é mais nervoso o tutor também é, se o cão é mais gorducho o mesmo ocorre com frequência com o seu cuidador, …).
A vivência em estreita proximidade (apartamentos de zonas urbanas) acarreta novas interações e o peso das ligações afetivas é muito intenso! Tenho a prova disso na sala de espera onde a cumplicidade entre as diferentes espécies é evidenciada todos os dias (o carinho, as conversas, a ansiedade, as brincadeiras experimentadas por tutores e mascotes).
Mas talvez a prova mais marcante ocorra num momento de perda… Vemo-nos a oferecer apoio emocional a tutores enlutados e percebemos a dimensão dos laços na atualidade, que há anos atrás apenas pensávamos restritos aos apaixonados por animais como nós e poucos mais…
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