As justificações tidas como únicas de ter um “cão para guarda”, ou um “gato para caçar ratos”, deixaram de fazer sentido numa sociedade com serviços de proteção e defesa instituídos e cujo padrão higiossanitário descartou há muito pragas de outrora… No entanto surgem, para além da nossa vontade ou até motivando-a, novas “funcionalidades” do animal de companhia.
A dependência cada vez maior das tecnologias, com um mundo virtual a apoderar-se de nós, que vivemos a ritmo intenso, faz crescer, nem que seja subconscientemente, a necessidade de afetos e contacto com a natureza.
A “falta de tempo” para a construção de relacionamentos entre humanos e porque a complexidade destes parece exponenciar-se quando interagem (porventura associada à perda de habilidades de socialização), parece potenciar o “uso” do animal de companhia como “carregador de baterias de afetos”, ou uma espécie de “efeito de dia de S. Valentim”. Nada contra, desde que o respeitemos e percebamos que também precisa de “guardar” e “caçar”… Quero com isto dizer que é importante, para além de amor e carinho, que o deixemos expressar comportamentos naturais e característicos de cada espécie. Obviamente que não precisamos de o incentivar a ladrar a estranhos e que poder brincar correndo atrás de objetos, adequados, pode muito bem simular uma caçada e satisfazer a manifestação de um comportamento inato predatório.
Por outro lado, deixarmos fazer tudo o que apetece ao animal de companhia sem lhe indicarmos uma rotina, um padrão de comportamentos a apresentar em sociedade, ou pensar que saber interagir connosco é suficiente, pode representar um risco para ele e para quem se cruze no seu caminho.
Insisto no valor afetivo do animal de companhia no lar e nos muitos benefícios que nos pode trazer! No entanto é necessário respeito e conhecimento das suas necessidades específicas para podermos ter uma relação entre humanos e animais cada vez mais benéfica. Assim, em particular para quem vive em sociedade, é fundamental a educação com muito treino…
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