quarta-feira, 28 de março de 2018

O que não deve falhar no 1º ano de vida

Para termos adultos, cão e gato, equilibrados e saudáveis é determinante que durante o 1º ano de vida, se tenha especial cuidado com: 
-Estar bem informado sobre o etograma (comportamentos típicos e que promovem bem-estar) de cada animal, de modo a reunir condições para permitir a sua expressão. Por ex.: se não pretende optar pela esterilização, deve ser tolerante perante demonstrações de comportamentos sexuais (vocalizações excessivas, acentuada marcação territorial, comportamentos de monta, …). Neste exemplo, a recomendação da esterilização tem até vantagem no prolongamento da esperança média de vida da mascote se realizada precocemente;
-Promover experiências sociais e ambientais o mais aproximadas possível da realidade que viverá em adulto. Muito importante incentivar desde cedo uma adequada socialização. A frequência de uma Puppy Class (aulas para cachorros) ou Kitten Class (aulas para gatinhos) pode ajudar muito. Insistir na educação e treino é fundamental para potenciar um bom relacionamento interespécie;
-Alimentação de elevada qualidade adequada à espécie, raça, faixa etária, condição de saúde;
-Planos de vacinação e desparasitação de acordo com a legislação em vigor, atuais guide lines científicas e em consonância com o estilo de vida da mascote (se estritamente indoor, se vai ao exterior com frequência, se fica regularmente em gatís ou canís, …). Obrigatório, até porque pode evitar muitos dissabores, é também identificar devidamente a mascote (microchip);

-Iniciar uma regular higiene corporal, seja com banhos sempre que necessário ou escovagens, assim como uma boa higiene oral, usando snacks que cuidam dentes e gengivas e/ou habituar a escovar dentes com pasta dentífrica própria para cão e gato.

sexta-feira, 16 de março de 2018

Leishmaniose, a nossa realidade



A leishmaniose é uma doença causada por um protozoário, Leishmania, transmitido através da picada de um inseto, Phlebotomus, parecido com um mosquito muito pequeno (2 a 3mm), e que se estima ter elevada prevalência na população canina do nosso país.

Em Viseu, Seia e Oliveira de Frades continuamos a ter registos desta doença! (Dados de clínicas/hospital do Grupo HVV).

É preciso ter em conta que a leishmaniose ainda não tem cura, embora já a consigamos transformar numa doença crónica que, com cuidados de medicação e vigilância para toda a vida, pode inclusive ficar assintomática.

A prevenção é o ponto chave!

Até há bem pouco tempo, era bastante mais complicado evitar esta doença.
Hoje em dia, temos ao dispor vários produtos com ação repelente do inseto transmissor e o mais importante é que podemos fortalecer o sistema imunitário do nosso cão especificamente contra esta doença.
O mais recente avanço está na área da imunologia, mais precisamente numa vacina que em apenas uma dose de primovacinação induz proteção de cerca de 72% ao fim de 28 dias, não estando descritas quaisquer reações vacinais com significado clínico. Da nossa experiência podemos afirmar que das 107 administrações, desta nova vacina, que fizemos no último ano, apenas tivemos um caso de prurido passageiro (segundos) no local da inoculação.
Importa também referir que o custo desta primovacinação é substancialmente menor do que o custo usando a outra vacina existente, em que são precisas três doses de primovacinação.
Ter também presente que devemos associar sempre um desparasitante externo cujo espectro de ação abranja o flebótomo. Podemos ainda usar uma solução oral, também ela estimulante do sistema imunitário, que obedece a requisitos específicos de utilização (toma diária durante 2 meses do ano: junho e outubro).

quinta-feira, 1 de março de 2018

Agressividade por dominância no cão?


Estudos relativamente recentes demonstram que a teoria do “cão agressivo por dominância” está errada!

A ideia de que o nosso cão quer “mandar lá em casa” cai por terra quando se prova que nem nos lobos (de onde o cão descende e se fazem analogias comportamentais) isso acontece, tal como não acontece em cães assilvestrados (errantes ou vulgarmente chamados “vadios”). 

O cão apenas mostra preferencia por determinado recurso (comida, tutor, sofá, objeto, …) e “graças” à nossa ideia pré concebida de que “ele já está a caminho de concretizar o seu plano de líder”, vamos agir coercivamente  e “mostrar-lhe quem é que manda”.

É claro que começamos logo mal. O risco de provocarmos medo ou ansiedade é muito alto, o que poderá potenciar comportamentos verdadeiramente indesejados comprometendo o bem-estar de todos.

É muito importante perceber desde cedo como pensa e age o cão. Engane-se quem pensa que o cão nos vê como mais um da matilha e nunca assuma que ele pensa como nós. “Eles não têm maldade, não fazem nada para se vingarem e muito menos estão interessados em serem os chefes lá de casa”. 

Por muito que ao ler este texto tenda a pensar o contrário, pois há todo um peso cultural erradamente instituído e cultivado por programas televisivos, literatura que ainda circula e treinadores menos atualizados, pode ter a certeza que se temos agressividade no nosso cão, não será recorrendo a técnicas coercivas que a vamos anular.

À partida (ainda sem problemas comportamentos) há de facto cães mais ou menos confiantes e cães mais menos educados. 
O grande problemas somos nós, seres humanos, que tentamos educar sem termos adequada formação, podendo mesmo induzir problemas em vez de soluções, sendo que o ideal é  fazermos uma boa prevenção.


Recomendo mais uma vez a frequência de locais onde se ensina recorrendo a técnicas de reforço positivo e onde a metodologia de trabalho seja clara e devidamente fundamentada.